Com o avanço das tecnologias e da crescente demanda por eficiência em operação e custos com energia, a cogeração pode ser uma estratégia vantajosa e conveniente para muitas indústrias. Esse foi um dos temas tratados por especialistas nesta quarta-feira, 23 de outubro, durante o Energy Solutions Show, realizado em São Paulo.
Durante este painel, empresas que já possuem sistemas de cogeração instalados e experiências com gestão de energia térmica compartilharam suas impressões sobre o tema. O diretor de tecnologia e regulação da Cogen, Leonardo Caio, destacou a questão do desenvolvimento das novas renováveis que já conta com 47 GW de solar instalados e 40 GW de eólicas, que juntas já somam mais de 80 GW.
Ele lembrou que ultimamente no final da tarde no Brasil é observado um fenômeno de pico solar, onde por volta das 16 horas já não é possível ter um sol tão forte e com isso é criado um vale de 30 GW de geração no sistema que precisam ser supridos de alguma forma. “Isso vai ser um grande problema porque o nosso parque hídrico não vai ser suficiente para atender e precisamos de outras soluções e aumentar as nossas térmicas com cogeração”, destacou.
O executivo da Cogen alertou que o planejamento é muito importante e não podemos ficar esperando para acontecer o problema, pois pode custar caro. “Ao invés de esperar, temos que nos planejar e certamente o custo global para todos os consumidores será menor e vai trazer mais segurança energética. Isso é uma questão que precisa ser equacionada”, disse.
Leonardo também afirmou que outra coisa que vai ajudar e viabilizar os preços são as baterias, mas, segundo ele, exigem um investimento razoável e vai ajudar a minimizar esse vale que vem ocorrendo no final da tarde.
Um levantamento da Cogen mostrou que a cogeração em operação comercial no Brasil atingiu 20,6 GW de potência instalada ao final de setembro. O montante representa 10,7% da matriz elétrica brasileira, a qual soma 195,8 GW.
Outro ponto que ganhou destaque durante esse painel foi com relação o papel da cogeração e a segurança no Brasil. Os especialistas afirmaram que o sistema precisa ser mais resiliente para o mundo dos data centers e citaram como exemplo os Estados Unidos, onde há uma expectativa de crescimento de 800 GW com data centers para os próximos seis anos.
Ainda com relação a esse assunto, que foi muito debatido durante o ESS, os executivos também pontuaram que os data centers cresceram 25% nos últimos anos e é esperado um aumento ainda maior para os próximos anos, com o boom da inteligência artificial. Mas deixaram bem claro que o Brasil precisa de uma segurança energética e a cogeração tem um papel importante para não acontecer riscos de apagão e racionamento.
Para finalizar, o setor de cogeração se resume em flexibilidade e, segundo os executivos, é preciso olhar qual será a próxima derivada para esse mundo e construir outros negócios a partir do que já temos no presente.