Embora a geração distribuída esteja crescendo a cada dia e conquistando mais espaço, a modalidade ainda enfrenta grandes desafios no mercado, como por exemplo, a conexão com as distribuidoras e as compensações de créditos.

Durante o evento Energy Solutions Show, que acontece nesta quarta-feira, 23 de outubro, em São Paulo, empresas adeptas à geração distribuída relatam as principais dificuldades que vem encontrando para implantação da GD. Mayara Pazin, Gerente de Gestão de Energia, Água e Gás da Smartfit, apontou que alguns projetos de geração distribuída da empresa já passaram por todos os processos e estão na dependência da distribuidora ligar ao sistema. Outro ponto é o desafio encontrado na regulação, pois está cada vez mais difícil viabilizar projetos de GD 2, que são projetos que atendem às demandas de grandes consumidores.

A Smartfit, segundo Mayara, conta com 100 franquias e 550 unidades consumidoras. O primeiro estudo de GD foi iniciado em 2018, começando a operação em 2020. Atualmente o grupo tem mais de 10 projetos de fontes solares, 1 PCH, e mais 15 projetos de GD em preparação, o que totaliza uma redução de custo entre 12 a 30%.

A RD Saúde (rede de farmácias) utiliza geração distribuída para atender suas 3.100 unidades, onde 80% delas são abastecidas com energia proveniente de usinas fotovoltaicas, em sua maioria, mas contam também com a geração de 6 CGHs e 1 usina de biogás. De acordo com Pedro Nogueira, Gerente Executivo de Engenharia da RD Saúde, a energia em si é um insumo básico, mas as fontes renováveis são de extremas importância. Os outros 20% restante de suas lojas, que estão alocadas em shopping e fogem ao controle desse tipo de fornecimento, a empresa estuda a aquisição de certificações para melhorar o escopo 2 e compensar suas emissões.

Segundo Nogueira, a pretensão é que até 2030 toda a rede seja abastecida por fontes renováveis, embora mencione que a compensação de créditos seja um entrave, apesar da existência da Lei 14300, que institui o marco legal da micro e minigeração de energia, pois as distribuidoras se recusam a dar andamento aos projetos alegando problemas de que a rede não comporta a inversão de fluxo, quando a energia elétrica flui em sentido contrário ao normal, ou seja, quando a energia é injetada na rede a partir do consumidor.

Para a Claro S.A, empresa de telecomunicação, a utilização da GD foi fundamental para redução de custo e também no escopo de redução de emissões. Em 2016, a empresa iniciou a operação da primeira usina de minigeração no estado de Minas Gerais, e atualmente, tem mais de 100 usinas em operação para abastecer mais de 25 mil unidades consumidoras. Ao todo, mais de 20 projetos já estão contratos e com previsão de entrega para meados de 2025. “Hoje a GD ajuda reduzir consumo de termelétrica, do ponto de vista técnico isso ajuda o sistema elétrico brasileiro”, apontou Dagloberto Antunes, Coordenador de Planejamento Energético da Claro.

O executivo destacou ainda que a empresa conta com sistemas de baterias de armazenamento e geradores para suprir a demanda em casos de queda de energia. Esses sistemas fornecem energia para as torres de transmissão da empresa. A companhia conta com a geração distribuída de forma diversificada, tendo em seu portfólio de geração 8 CGHs, 2 usinas de biogás, e sistema de cogeração qualificada na região nordeste, o que já possibilitou uma economia de cerca de R$ 1 bilhão, e evitou a emissão de 400 mil toneladas de CO2. O foco da companhia é reduzir essas emissões também na área de logística, administração e, futuramente, evoluir para área de certificações.