A importância da aprovação do marco legal para eólicas offshore continua no centro do debate. Com expectativa de que após as eleições o tema seja votado no Senado, a demora na aprovação pode reduzir a atratividade do potencial brasileiro, em detrimento de novos mercados que já estejam em estágios mais avançados. Em entrevista ao CanalEnergia durante o Brazil Windpower, em São Paulo, o diretor da Ocean Winds, Rafael Palhares, reconhece que apesar das lições aprendidas com outros mercados já maduros, as perdas com a não aprovação já começam a pesar.

“O Brasil já passou um pouco da inflexão onde ganhos e perdas tinham um ponto ótimo e já começa a perder”, avisa. Segundo ele, o país deixa de se apresentar no futuro como um possível exportador, já que no passado, pás eólicas da fonte onshore foram alvo de exportação.

Ele conta que a corrida na eólica offshore hoje é por qual parque industrial se posiciona como exportador em um mercado de intensa demanda. O Brasil poderia supri-lo com cascos para barcos, já que há estaleiros por aqui. Para ele, a eólica offshore é mais que geração de energia, é uma criação de indústria que pode virar a balança comercial.

Em painel no primeiro dia do evento, o executivo destacou que o país já provou que sabe fazer política energética e tem visão de longo prazo. Elogiando o recurso offshore do Brasil, Palhares reforça o apetite da OW no mercado verde e amarelo. “O interesse é enorme”, avisa. A Ocean Winds é uma joint venure entre a belgo-francesa Engie e a portuguesa EDP, cada uma com 50%.

Nesta quinta-feira, 24 de outubro, foi formalizada parceria com a Universidade Federal do Rio Grande do Norte por meio Memorando de Entendimento com o objetivo de promover a troca de conhecimentos entre especialistas acadêmicos da UFRN e especialistas da Ocean Winds. O acordo visa alinhar elementos para o crescimento da fonte offshore no Brasil, incluindo marcos regulatórios sustentáveis, estratégias para a cadeia de suprimentos local e o engajamento ativo da comunidade. Para Rafael Palhares, a maneira mais eficaz de priorizar a geração de valor local é por meio de uma abordagem colaborativa que envolva todos os stakeholders comprometidos com o avanço adequado da indústria. Isso inclui a academia,  investir recursos  e metodologias apropriadas.

Durante o evento, foi assinado um memorando de entendimentos com a Eletrobras para o avanço de estudos e desenvolvimento de projetos potenciais para quando o marco estiver aprovado. Atualmente, são 1,5 GW em operação no mundo e outros 1,9 GW. A companhia tem um portfólio substancial de projetos totalizando 18,5 GW em oito países.

Na visão do executivo, há uma sinergia das eólicas do mar com o setor de óleo e gás. O modelo de disputa deverá seguir um tipo de critério múltiplo.

Palhares elogiou o marco aprovado na Câmara dos Deputados. Ele classifica o projeto como bem concebido por não ter inserido nenhum tipo de subsídio para a fonte. A aprovação traria o aval para que passos maiores possam ser dados pelos atores da fonte.