A 15ª edição do Brasil Windpower terminou com uma certeza, a de que o futuro apresentará oportunidades para o setor eólico no processo da transição energética. Contudo, uma questão imediata preocupa, a falta de pedidos que vem pressionando as empresas. Esse aspecto ainda ganhou um requinte adicional que veio a somar nessa crise: os cortes de energia renovável que, em muitos casos chegam a até 70% do total previsto para usinas específicas, o chamado curtailment, que está na pauta do segmento.

Esse é o cenário que traz preocupação às empresas e à ABEEólica, que inclusive espera a avaliação do recurso apresentado a Justiça. Segundo a presidente executiva da entidade, Élbia Gannoum, a associação vem, em paralelo, trabalhando junto ao governo para rever a situação de curtíssimo prazo. “Em 2025 não podemos ver essa situação se repetir de forma nenhuma”, afirmou. Nessa ação estão representadas 1300 usinas.

Os impactos são diferentes entre os empreendimentos a depender da localização da cada um. O presidente do Conselho da ABEEólica, Fernando Elias, destacou que o volume médio dos cortes é de 8% este ano. Apesar do indicador e dos valores menos expressivos, o receio é de que este assunto possa virar um novo GSF por conta do volume de ações na Justiça.

Apesar disso, no longo prazo a tendência é de expansão, afinal de contas a transição energética mostra que o mundo tem que aumentar em muito os investimentos. Ainda mais agora que para a COP 29 estão sendo esperadas a apresentação de novas metas nacionais. Para o mercado brasileiro esse evento tem um significado especial, pois o Brasil será a sede da próxima, a COP 30, em novembro de 2025. Com isso, o país poderá ter um papel muito significativo na liderança desse processo de descarbonização da matriz energética global.

Então esse foi o recado nos três dias de feira e de congresso, de que o longo prazo é promissor, mas que a indústria local, construída por meio de programas bem-sucedidos de incentivos ao longo dos últimos 12 anos, principalmente, precisa de uma atenção nesse momento de crise. E pelo que foi afirmado pelo MME ao longo dos debates a busca se dará por meio da neoindustrialização, onde a energia renovável tem papel central.

Não à toa, o BWP 2024 bateu recorde de público e de expositores que estiveram nos três dias no São Paulo Expo.

Evento sustentável

Dizer que o setor eólico vem pregando a sustentabilidade é entrar no que se chama de lugar comum. Mas tão importante quanto isso é realizar o maior evento do hemisfério sul dedicado à fonte dos ventos, também com essa mesma pegada. De acordo com estimativas do setor, 70% dos materiais usados como plástico, lona, madeira, papelão e carpete em eventos não são reutilizados, o que agrava a geração de resíduos poluentes.

Contudo, a Informa Markets Latam, coorganizadora do evento e controladora do CanalEnergia, optou em 2024 por não utilizar carpete na área de exposição, diminuindo consideravelmente a geração de resíduos. Dessa forma, garantiu a aplicação na prática do chamado ESG nas trilhas de conteúdo e convidou os expositores a se juntarem ao programa better stands que tem a meta de eliminar a geração de resíduos dos estandes dos expositores até 2030. Para isso, as empresas expositoras são incentivadas a abandonar estandes descartáveis e adotar estruturas reutilizáveis.

“Neste evento, aproximadamente 95% dos estandes seguem o modelo better stands, o que significa que a maioria será reutilizada em outras feiras. com isso, evitamos a geração de resíduos e contribuímos para reduzir o impacto ambiental”, explica Araceli Silveira, VP de Audiência e Sustentabilidade da Informa Markets Latam.

O tema sustentabilidade além disso esteve presente em todas as discussões do terceiro dia do evento. Os painéis refletiram o compromisso do evento com práticas ambientais responsáveis e inovadoras. houve uma imersão profunda dos participantes em como projetos, especialmente aqueles com grande impacto social e ambiental, podem ser conduzidos de forma a obter a aceitação e o apoio das comunidades.

Um dos principais destaques do dia ocorreu logo na abertura. a ABEEólica, em parceria com a We Sustentabilidade, lançou o primeiro índice de impulso ao desenvolvimento sustentável. O estudo pretende identificar os eixos prioritários de investimento socioambiental das associadas da entidade que representa o setor de geração dos ventos.

“Serão analisados projetos de 27 municípios dos estados da Bahia, Ceará e Rio Grande do Norte, unidades federativas que concentram a maioria dos parques eólicos do país. Pretendemos mapear os dados socioambientais disponíveis nesses municípios desde a implantação dos parques, obviamente aliado à execução adequada de políticas públicas no longo prazo”, comentou Débora Horn, diretora-executiva da We Sustentabilidade.

Também na quinta-feira, a Informa Markets anunciou a data e local do BWP 2025. Acontecerá novamente no São Paulo Expo nos dias 28, 29 e 30 de outubro, antecedendo em 15 dias o maior evento dedicado ao meio ambiente no mundo, a COP 30, que acontecerá em Belém (PA). A confirmação da próxima edição reforça a potência do setor eólico no Brasil, que atualmente ocupa a sexta posição no ranking global de produção de energia eólica.

Saiba mais sobre o Brazil Windpower 2024 na cobertura jornalística do evento realizada pela equipe do CanalEnergia.