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A situação para o atendimento à demanda de potência no país está sob controle para os quatro próximos anos. Há ferramentas e, principalmente, ativos disponíveis para que o Operador Nacional do Sistema Elétrico possa gerenciar essa necessidade. Contudo, diante da perspectiva de uma necessidade incremental de 3 GW previsto no PEN 2024, o país deverá ter um leilão de potência ao ano para manter-se dentro da margem de segurança da operação.

Segundo o diretor de Planejamento do ONS, Alexandre Zucarato, o relatório do PEN 2024 já mostra que há, marginalmente, a violação do nível de segurança do suprimento de potência, que segue crescendo. Ele lembra que nesse período há o final de contratos de térmicas que serão descomissionadas. Assim, o efeito líquido desse fator mais a elevação da carga é a real necessidade do sistema.

O diretor, que participou da abertura do Smart Grid Forum 2024, em São Paulo, destacou que entre as manobras que existem para viabilizar a manutenção da segurança do sistema estão o uso de baterias, antecipação de usinas do LRCAP 2021, como houve com a Termopernambuco, e a recontratação de usinas que forem descomissionadas.

“Em 2025 observamos uma violação de atendimento de potência que se aprofunda ao longo dos anos e temos falado que organizar leilões de reserva de capacidade deve ser rotina, não devem ocorrer a cada 4 anos”, destacou Zucarato.

Em sua avaliação, caso o leilão de potência convencional seja efetivamente realizado em 2025, ainda assim os projetos vão precisar de tempo para entrarem em operação, já que os produtos que seriam contratados em 2024 seriam esperados para 2027 a 2028. Por essa razão, pontuou ele, há a possibilidade de recontratar ativos existentes descontratados. O próprio LRCAP de baterias de junho de 2025 poderia ter a operação antecipada de 2029 para 2026 e assim resolver a demanda para 2027 e 2028.

“Há medidas que podem ser adotadas para trazer a necessidade de 2025 no enquadramento de critério de suprimento”, acrescentou. “Ainda há tempo de manejar recursos e atender os 4 anos que enxergamos,  daí para frente é necessário um leilão todo ano para a necessidade de potência em 3 GW”, reforçou.

Coringa

Zucarato avaliou ainda que a inserção de baterias pode ser uma alternativa à redução de curtailment, pelo qual o setor de renováveis vem passando atualmente. Ele classificou os dispositivos como um ‘coringa’ para o setor por prestar diferentes serviços. Disse que as consequências para cada uso do armazenamento são diferentes. No caso de responder por potência, como é o caso da contratação no LRCAP de junho de 2025 é pago por meio de ERCAP.

Se for aplicado como ativo de transmissão conforme revelado por Thiago Barral, secretário de Planejamento e Transição Energética do MME, durante o Brazil Windpower 2024, são outros os pagadores.

“Com as baterias temos como efeito a redução dos cortes sim, mas o objetivo do leilão da forma que está é para contribuir para o atendimento à carga no horário de ponta”, reforçou.

Aliás, Zucarato defendeu do ponto de vista da segurança o corte de geração por ser uma questão de física do sistema. Ele não entrou na discussão sobre as classificações de ressarcimento por ser um assunto de regulação e, portanto, de competência da Aneel.

Disse que a atuação do ONS ocorre olhando para assegurar o ponto ótimo de operação dentro da margem de segurança. O objetivo é garantir que não haja perturbações que levariam a blecautes no SIN, por isso, não é possível despachar mais energia do NE para o SE mesmo com a existência de demanda. Segundo ele, a entrada de ativos de transmissão recentemente, no RN e no CE ajudam a trazer alívio para a situação. Mas que a expansão do SIN com as obras de transmissão em andamento, licitadas nos últimos dois anos aumentarão a capacidade de intercâmbio de energia no Brasil.

Flexibilidade

Zucarato ainda comentou sobre a necessidade de um sistema flexível de operação uma vez que o Operador não consegue enxergar a micro e minigeração distribuída. Nesse caso ele ressaltou a necessidade do agregador de carga que seria uma espécie de usina de maior porte, detectável pelo ONS. No futuro, o órgão vê que o avanço das renováveis acabarão por impor desafios ao sistema com carga a ser atendida apenas pela geração centralizada inflexível, não tendo espaço para as demais, principalmente a eólica e a solar.

Uma consequência que ele delineou é atendimento à demanda com o aumento da chamada curva do pato, que atualmente é da ordem de 30 GW em um dia típico. Para atender a essa necessidade é necessário modular UHEs. Quando olha para o futuro, disse ele, em cinco anos a expectativa é de que a curva chegue a 60 GW. “A curva do pato vira uma curva da girafa ou quem sabe um brontossauro”, comparou.

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