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A décima edição do Guia dos Bancos Responsáveis indica que os maiores players brasileiros nos temas socioambientais e climáticos deixam de aplicar diretrizes importantes relacionadas à promoção de energias renováveis, tanto em suas próprias operações quanto na concessão de crédito e nos seus investimentos. Foram avaliados os oito maiores bancos que operam no país, e concentram 71,7% dos ativos do sistema bancário: Banco do Brasil, BNDES, Bradesco, BTG Pactual, Caixa Econômica Federal, Itaú Unibanco, Safra e Santander Brasil. Neste ano, a nota média dos bancos neste tópico, em um ranking que vai de 0 a 10, ficou em 2. Levando-se em conta os 18 temas avaliados, a média foi 3,3, ou seja, os bancos cumprem apenas 33% do que a metodologia prevê, destacando a insuficiência das ações implementadas pelas instituições até o momento.

O guia é bianual e coordenado pelo Instituto de Defesa de Consumidores em parceria com Conectas Direitos Humanos, Instituto Sou da Paz, Oxfam Brasil e Proteção Animal Mundial. O tema “geração de energia” avalia se o banco tem linhas de financiamento para energia renovável e metas para aumentar a participação desse tipo de energia em sua carteira. Também são verificadas possíveis restrições a fontes de energia não renováveis e as exigências que os bancos colocam para projetos neste setor e para as empresas que nele operam.

A média foi baixa, principalmente devido à ausência de compromissos claros por parte dos bancos em estabelecer metas para a transição rumo a fontes de energia renovável. Safra, BTG e Caixa se destacam negativamente por não apresentarem dados mensuráveis nem estratégias de transição, deixando de reduzir o percentual de suas carteiras voltado à geração de energia baseada em combustíveis fósseis.

Fonte: Idec

Atrás do BNDES, Itaú, Banco do Brasil e Santander possuem as notas mais altas, ainda que baixas. Além de possuírem políticas para aumentarem seus investimentos em energias renováveis, financiar empresas que trabalham com energias renováveis e possuírem metas para diminuição de uso de combustíveis fósseis, os bancos pontuam em alguns dos novos elementos voltados para exclusão de novos empreendimentos de usinas elétricas a carvão, e à óleo e gás. O Bradesco perde pontos e fica atrás por não assumir uma métrica clara para aumentar seus financiamentos e investimento em energia renovável.

A edição do Guia destaca a necessidade de um compromisso renovado e efetivo das instituições financeiras brasileiras com as questões socioambientais e climáticas. O cenário atual geral indica um distanciamento preocupante em relação às expectativas da sociedade civil e às urgências impostas pela emergência climática e demais crises socioambientais que enfrentamos, apontando para a necessidade da incorporação de compromissos e diretrizes mais rigorosas por parte dos bancos.

Segundo o Idec, é essencial que os bancos incorporem em suas políticas critérios rigorosos em matéria socioambiental e climática e, mais do que isso, que apliquem, na prática, medidas efetivas para prevenir, mitigar e reparar as violações de direitos fruto das atividades das empresas que financiam ou nas quais investem.

De acordo com Julia Catão Dias, coordenadora do programa de Consumo Sustentável do Idec, antes de decidir investir em um projeto, o banco tem a obrigação de fazer uma avaliação rigorosa dos riscos que o financiamento representa para as pessoas e para a natureza que podem ser afetadas por ele – e não para o investimento em si.

Para ela, na hipótese de um derramamento de petróleo, o banco deve responder pela violação na mesma medida em que a empresa financiada por ele, já que ambos tiraram proveito da atividade.

Embora tanto as políticas de crédito quanto as de financiamento de projetos apresentem fragilidades, o cenário sem mostraria ainda mais preocupante nas carteiras de investimento, que possuem pouquíssimas diretrizes. Para o Idec, enquanto os compromissos em relação ao crédito tendem a ser mais rigorosos, as carteiras de investimento carecem de políticas robustas, tornando sua gestão consideravelmente mais negligente.

A metodologia é a mesma desenvolvida pela rede da Fair Finance International e pela Profundo, uma consultoria de sustentabilidade sediada nos Países Baixos. As instituições financeiras também são convidadas e incentivadas a contribuir com o seu aprimoramento.