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Com o cenário de sobreoferta de geração no Brasil e alguns problemas por curtailment, a Serena Energia está imbuída em avançar com seu negócio nos Estados Unidos, com novos contratos de longo prazo para o parque Goodnight 2 e que poderão abarcar também o primeiro ativo do complexo. “Vamos acentuar esse vetor num mercado que está muito saudável, com apetite pela energia renovável e preços condizentes”, disse o CEO da companhia, Antonio Bastos Filho, em teleconferência nessa terça-feira, 5 de novembro.
Questionado sobre as eleições que acontecem hoje no país norte-americano, o executivo ponderou que uma eventual vitória de Donald Trump não deve impactar no negócio eólico da companhia no país, citando até o apoio de Elon Musk às renováveis. “O que pode acontecer é medidas mais exageradas, como subsídios ao hidrogênio e que deve ser corrigido”, aponta.
Já no Brasil, ele ressalta que a empresa está mais observando o mercado do que qualquer outra coisa, focando em otimizar a rentabilidade dos ativos existentes ao invés de novos investimentos ou fusões e aquisições. Além de ter dois dos seus principais projetos com regime de ventos abaixo do esperado no terceiro trimestre, existe uma confiança do CEO de que o último trimestre possa ser o melhor deste ano.
Sobre impactos do curtailment, Bastos Filho lembrou que o volume no corte de geração nesse último período de resultados foi de 3,6%, e que espera uma redução para o ano que vem. A ideia é combinar diferentes estratégias, como hedge, com o custo para recompor não sendo muito alto, em eventualmente trazer a carga mais para perto das usinas, além de realizar a manutenção dos ativos em horários que tenham maiores chances de acontecer a redução ou corte forçado da geração.
O executivo também frisou que os impactos do mecanismo coordenado pelo ONS estão concentrados para empresa em seus parques na Bahia, tirando Ventos da Bahia 1. Outros ativos, como os de geração distribuída e alguns projetos ligados direto nas distribuidoras, como no Piauí, não estão sujeitos aos efeitos. E as usinas no Chuí (RS) e Maranhão são colocadas como fora da zona de restrição, com impactos quase nulos.
Sobre a efetivação de um spread de risco e hedge adicional para o custo de modulação das fontes eólica e solar, o executivo afirma que para os aerogeradores é “um pouco positivo”, e vendo para os painéis fotovoltaicos uma margem de segurança grande em relação a modulação, apesar de lembrar que a companhia não irá realizar novas implementações no momento. “Entre 10% e 15% do preço de longo prazo é que tem que considerar para ter um negócio saudável para a solar”, complementa.
Quanto a uma solução estrutural para o futuro, o CEO e fundador da Serena analisa que novas cargas podem vir para o Nordeste, como clientes de fora vindo para o Brasil. E que é favorável para mais soluções de mercado do que alterações regulatórias abruptas. “Sempre somos contra mudar a regra do jogo, do que está contratado será cumprido e naturalmente isso será resolvido”, pontua.
Leilão de baterias
Antonio Bastos Filho também comentou sobre o leilão de reserva de capacidade que pode acontecer em 2025, citando possibilidades de execução de 3 GW ou 4 GW, e não vendo necessidade de criar restrições para térmica atender uma parte e a bateria outra. “Deveria ser pelo mérito da função mais barata, com o consumidor se beneficiando do processo competitivo”, conclui, afirmando que precisa ser um “certame hedge”, que enderece a questão de potência em poucas horas do dia.