O atendimento à ponta mesmo em períodos de PLD baixo traz a necessidade da introdução de mecanismos que ofereçam alternativas de operação do SIN. Entre eles estão a realização de leilões de flexibilidade e do já esperado leilão de reserva de capacidade. O país deveria ter certames que ofereçam essas alternativas de forma estrutural ao país.

De acordo com Carlos Longo, Diretor de Regulação e Comercialização de Energia da SPIC Brasil, o país deveria ter ações de mais longo prazo ao invés de ações como a dada pela Portaria Normativa 88 do MME, que trouxe a flexibilidade ao ONS por período limitado de tempo. A necessidade é contínua por conta da natureza da expansão do setor, que tem se baseado nas renováveis intermitentes e que fazem da oferta de energia no intraday com a chamada curva do pato, uma realidade que veio para ficar com o avanço da geração solar, tanto centralizada quando a distribuída.

Ao mesmo tempo, o executivo defende a adoção de sinalização para a remuneração de usinas que agregam serviços ao SIN, como as UHEs, atribuindo segurança ao fornecimento. Inclusive, ele destaca que a Spic Brasil poderia até mesmo revisar o processo de modernização da UHE São Simão, que está em andamento e aumentar a disponibilidade de potência na central localizada entre os estados de Minas Gerais e Goiás.

MME estabelece geração térmica por oferta de preços no período úmido

Ele explicou durante CanalEnergia Entrevista desta terça-feira, 12 de novembro, que a companhia terminou recentemente a modernização da primeira de seis unidades de geração da UHE. O investimento total do projeto, o primeiro dessa natureza da usina que possui quase 40 anos de operação comercial é estimado em R$ 1,2 bilhão. Se as diretrizes do leilão de reserva de capacidade permitissem a empresa poderia aumentar a potência em cada uma das próximas máquinas a serem modernizadas que passariam de 375 MW para 400 MW de potência. Outro caminho seria a instalação de mais uma máquina do fosse livre que existe na UHE semelhante às atuais. Ou seja, no total a companhia poderia agregar 500 MW de potência na usina que hoje possui 1.170 MW.

“O leilão de reserva de capacidade é uma possibilidade interessante, pois poderíamos aproveitar o período de parada da modernização nesse projeto e que só termina em 2029. Se houve os mecanismos podemos aumentar a potência de cada unidade ou inserir uma máquina nova, teríamos as duas opções”, afirmou Longo. “Poderíamos chegar a 25 MW a mais por máquina e ainda temos cinco a modernizar. É uma oportunidade porque paradas dessa natureza são raras”, destacou.

 

Portaria 88 trouxe a flexibilidade que o ONS sempre pediu, avalia Abraget

Na entrevista, Longo disse que a Spic está em uma situação confortável em relação à contratação do seu portfolio de energia. Os dois próximos anos estão equacionados, o desafio é de 2027 em diante.

“Soubemos trabalhar bem o momento de preços mais elevados e nosso portfólio está protegido contra a queda de preços”, apontou.

E a tendência para os preços é de uma retomada de valores mais moderados mesmo com afluências que não alcancem a média histórica. Isso porque há uma sobreoferta em função da expansão das renováveis. Para ele quando a ENA chega entre 80% a 90% da média de longo termo o setor vê os preços em retração para o seu patamar histórico. Por outro lado, lembra que a incerteza do preço horário continua e por isso defende a adoção dos leilões citados como forma de assegurar o fornecimento de energia de forma pontual em horários específicos do dia. Um exemplo desse comportamento tem sido verificado nessa semana com preços de energia no piso do PLD ao longo do dia e patamares que se aproximam de R$ 700 por MWh na ponta, resultado da elevação da carga e redução da geração solar.

Contudo, no longo prazo, que são os valores que balizam a expansão do sistema, a Spic acredita que os preços de energia devem ficar em faixas que variam de R$ 150 a R$ 160 por MWh na fonte convencional e de R$ 190 a R$ 200 na incentivada.  O episódio do CanalEnergia Entrevista com Carlos Longo está disponível na íntegra logo abaixou ou em nosso canal do You Tube, o TV CanalEnergia.