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A Yara começou a produzir amônia renovável em seu complexo industrial localizado em Cubatão, São Paulo. A companhia passou a utilizar o biometano em sua operação, um biogás purificado e originado com resíduos de cana-de-açúcar, que pode, sem esforço adicional, substituir o uso do gás natural, e dar origem a fertilizantes nitrogenados e soluções industriais com uma menor pegada de carbono.
O projeto, iniciado há três anos, envolveu diversas áreas da empresa e parceiros tanto internos quanto externos. A Yara não quis quantificar um número exato sobre investimentos, mas destacou que o mais importante naquele momento foi a coragem de dar um passo rumo ao desconhecido, enfrentando as incertezas que surgiam a cada etapa.
“Na época, estávamos em busca da rota da eletrolise, uma tendência global, e ao trazer o nome do biometano e formar parcerias, estávamos desbravando algo novo”, afirmou o vice-presidente de soluções industriais da Yara International, Daniel Hubner. Segundo o executivo, a grande dificuldade foi lidar com tantas incertezas, mas a empresa se manteve firme, sabendo que estava trilhando o caminho certo, sem se importar com os obstáculos imediatos ou com a necessidade de soluções rápidas.
A partir da amônia renovável, a Yara descarboniza parte de sua operação e portfólio e, consequentemente, tem potencial para impactar toda a cadeia que faz uso dos fertilizantes nitrogenados de menor pegada de carbono, e de soluções industriais, assim que ela ganhar escala.
Hubner destacou que a amônia é um produto essencial, principalmente na fabricação de fertilizantes, sendo crucial para a nutrição das plantas. Além disso, ela é base para uma ampla gama de indústrias, como a produção de resinas, aminoácidos, fibras sintéticas, e ainda desempenha papel no tratamento de água e do ar, na nutrição animal e, futuramente, pode se tornar um combustível renovável importante.
Segundo ele, para o Brasil, que possui uma grande potência agrícola, a amônia é fundamental. “Atualmente, a planta de amônia em Cubatão é a única em operação no país. É importante destacar que o custo do gás, essencial para a produção de amônia, tem sido um desafio significativo para a indústria, com o preço atual tornando-se insustentável. Embora a transição energética seja necessária, é crucial garantir que as empresas, como a de amônia, permaneçam ativas para garantir essa mudança”, disse.
Ele ainda destacou que o país tem o potencial de manter um papel de destaque no cenário internacional, mas é essencial que a transição verde não seja feita apenas com números. Segundo o executivo, o papel do governo também é fundamental para estabelecer políticas públicas e criar incentivos que acelerem essa transição energética. “O planeta não pode esperar e o Brasil também não. Precisamos acelerar a escalada da transição e mudar o foco de metas para incentivos, permitindo que os produtos baseados em energia renovável ganhem escala e se tornem acessíveis a todos”, destacou.
O complexo industrial da Yara é hoje o maior consumidor de gás natural do Estado de São Paulo e o principal produtor de amônia do país e já está pronto para trabalhar com o biometano. Segundo Hubner, esse resultado é fruto do conhecimento, inovação e tecnologia da companhia aplicados com foco na descarbonização, e representa um grande marco para a indústria nacional e, principalmente, para o polo de Cubatão, que além de símbolo mundial de recuperação ambiental, agora tem potencial para liderar a transição energética que o Brasil precisa.
Cubatão: potencial econômico e inovação para o futuro
Hubner destacou a importância de Cubatão para o desenvolvimento econômico e industrial do Brasil e que o polo industrial da cidade tem grande potencial para impulsionar não apenas a economia local, mas também para contribuir significativamente para a transição energética e a sustentabilidade do país. “O local se destaca especialmente no campo da produção de hidrogênio verde, um elemento essencial para o futuro da matriz energética global”, ressaltou.
O especialista também apontou que, apesar de outros estados também apresentarem grande potencial, a cidade já tem a estrutura necessária para se tornar líder nesse setor, o que a coloca na frente na corrida pela primeira produção de H2V no Brasil. “O foco, no entanto, não é apenas o hidrogênio: o desenvolvimento de novas tecnologias energéticas e a criação de parcerias internacionais, como com os Estados Unidos, também são fundamentais para garantir o sucesso da iniciativa”, disse.
O executivo afirmou durante o evento que a cidade tem se mostrado como um ponto crucial no ecossistema energético brasileiro, com várias empresas e projetos de grande relevância. Para ele, o Estado de São Paulo, com o apoio do Governo Federal, deve focar no desenvolvimento de áreas estratégicas e, na sua visão, o primeiro olhar deveria ser para Cubatão, pois o município já possui uma infraestrutura robusta que pode ser transformada em um centro de excelência para a produção e transformação de hidrogênio, com o uso da tecnologia para a geração de amônia, por exemplo.
Segundo Hubner, uma das principais propostas para alavancar ainda mais esse crescimento é a criação de uma “avenida verde”, dedicada ao desenvolvimento sustentável e às tecnologias limpas. “A ideia é que, no futuro, Cubatão seja um símbolo de um “porto verde”, com um ecossistema totalmente renovável, agregando valor à produção de energia e reforçando a sustentabilidade”, ressaltou.
Por fim, ele ressaltou que o grande desafio da presença energética é encontrar soluções múltiplas, pois não existe uma única resposta para os desafios enfrentados pelo setor. O trabalho conjunto de empresas, governo e comunidades locais será essencial para tornar o futuro de Cubatão uma realidade próspera e sustentável.
*A repórter viajou a convite da Yara