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A consequente alta na demanda por cobre anunciada pela transição energética já está no radar da fabricante de cabos Nexans. A companhia, que tem a meta de ser net zero até 2050, vem adotando o cobre reciclado para os seus produtos. Gwenael Gilbert, CEO da Nexans no Brasil, lembra que o minério é uma commodity, faz as contas e parte do princípio que ‘não vai ter cobre para todo mundo’. Segundo ele, os picos no preço não vão parar. Novas fontes de geração, veículos elétricos e até mesmo os data centers estão aumentando as fatias de participação e devem dominar no aumento dos pedidos.
Hoje o percentual de cobre reciclado da Nexans no Brasil está entre 30% e 40% da produção. Segundo o executivo, o cobre reciclado reduz o consumo de água em 90% e de energia em 85%. “Usar o cobre reciclado faz reduzir em 50% as emissões”, avisa.
Na Europa, 50% do cobre usado vem da reciclagem. No mundo, o percentual está em 33%. O cobre reciclado também vem para atender metas ESG do mercado, assim como o escopo 3 do Protocolo de Gases de Efeito Estufa, que trata das emissões diretas na cadeia de valor de uma empresa.
Ele conta que não há diferença de qualidade entre o cobre secundário e o primário, por conta do controle de qualidade. As fontes são selecionadas, caso haja alguma não conformidade, o material é devolvido. A pegada sustentável do produto é um dos maiores atrativos para convencer o mercado, já que ele atende ao escopo 3, tem quase o mesmo preço e segue as normas internacionais.
O executivo salienta que adquirir cobre para reciclagem traz riscos, como a má qualidade ou mesmo a procedência irregular. Por conta disso, a Nexans possui um forte programa de auditoria externa de fornecedores, considerado por Gilbert como fundamental no processo.
“A primeira coisa que fizemos foi mapear o mercado e desenvolver um programa de auditoria externa que foi auditando os fornecedores do mercado. Não podemos prejudicar a reputação e a marca da Nexans, que são muito fortes no Brasil”, comenta. O cobre secundário vem de redes de telecomunicações que estão sendo trocadas por fibras óticas ou de equipamentos antigos modernizados.
Mas a reciclagem não fica apenas no cobre. As bobinas usadas no transporte dos cabos também passam por um programa de reciclagem. Esse programa envolve a localização das bobinas e uma espécie de logística reversa para trazê-las de vota e reaproveitá-las. A fábrica brasileira é referência dentre outras plantas da Nexans, que tem presença global. A prática sustentável e de ESG também está presente no dia a dia da fábrica, no bairro da Pavuna, no Rio de Janeiro e a energia renovável certificada através de I-Recs.
Na vertical de Power Grid, o CEO vê em 2025 o mercado solar melhor que em 2024. Para ele, será um período estável, mais baixo que 2023, mas possível de muitos negócios, já que o Brasil tem potencial para parques solares grandes.
Nas eólicas, onde a companhia também tem uma forte atuação, ele vê baixa atividade em comparação ao passado, por conta do curtailment e baixa demanda, mas enxerga uma retomada em 2027. Na transmissão, os próximos leilões estão sendo observados. A unidade do Brasil fornece para os mercados paraguaio, argentino e boliviano. Em 2021, a Nexans tornou-se fornecedora líder global da Vestas para turbinas de torres eólicas.
Sem cravar números, a perspectiva da Nexans é animadora para 2025. “Não tem uma perspectiva para crescer dois dígitos, mas dentro desse mercado, vamos continuar focando nos mercados que são mais intensivos para a gente, temos uma proposta de valor muito boa para o cliente através de inovação e financiamento”, avisa.
Apesar do crescimento da Geração Distribuída no Brasil, o foco da companhia na fonte solar está na geração centralizada. De acordo com o executivo, o mercado da GD no Brasil é muito pulverizado e de forte disputa, fazendo com que a Nexans se concentre nas plantas de maior capacidade.