O Grupo Bmg, por meio de sua subsidiária Bmg Energia, trabalha ativamente para viabilizar a instalação de um ambicioso complexo focado em transição energética na Fazenda Barra, propriedade do grupo, localizada no sudoeste da Bahia.
Estudos e preparativos estão em rápida evolução, bem como tratativas com potenciais parceiros de negócio. O projeto, que originalmente tem potencial de geração de energia de fonte fotovoltaica, comparável à usina de Itaipu, promete não apenas impulsionar a economia local, mas também consolidar o Brasil como um player de destaque no mercado global de energias limpas.
A gênese dessa iniciativa visionária parte de uma mudança de estratégia da Bmg Energia. Inicialmente, o foco era a construção de uma planta fotovoltaica para geração de energia elétrica. No entanto, a empresa se deparou com um obstáculo: a dificuldade de escoar a energia produzida na região devido as limitações do sistema elétrico que interliga as regiões NE e SE, no curto e médio prazo.
A solução encontrada foi ainda mais audaciosa. O grupo optou por migrar para um conceito de hub de transição energética, incorporando a produção de hidrogênio verde e amônia, insumos de alto valor agregado e crescente demanda global, conta Claudio Semprine Diretor Executivo da Bmg Energia.
“A Fazenda Barra, com seus 20 mil hectares, reúne características especiais que a tornam um local ideal para a concretização desse projeto. A abundância de recursos hídricos, com um aquífero subterrâneo, o Rio São Francisco próximo e 39 poços em funcionamento, todos esses recursos locais garantem o suprimento essencial para o processo de eletrólise, necessário para a produção de hidrogênio verde”, descreve o executivo. Em termos energéticos, embora haja dificuldade de conexão ao sistema para a geração de energia, não se prevê dificuldades de conexão para suprimento de energia em grande escala aos projetos pois a fazenda é cortada por Linhas de Transmissão de 500 kV.
O terreno plano, por sua vez, facilita a instalação em larga escala de painéis solares, enquanto o alto fator de capacidade da região – um dos melhores do país – assegura alta produtividade em oferta de energia fotovoltaica. Adicionalmente, a fazenda já possui licença prévia para geração solar. A empresa providencia no momento sua adequação ao projeto de transição energética.
Logística e mix de produtos
A localização estratégica da Fazenda Barra apresenta ainda outras vantagens, além do alto rendimento energético. Está próxima a importantes rodovias estaduais e federais, como a BR-030, que leva a Caetité, um importante porto seco da região, e à BA-163, que conecta a Iuiú, município a apenas 10 km da fazenda.
Há também possibilidade de acesso à Ferrovia de Integração Oeste-Leste (FIOL), em fase de implementação, e ainda a outra ferrovia(FCA) já em operação, que conecta a Bahia à região ao Sudeste. Essa configuração amplia as opções de transporte da produção, permitindo o acesso tanto ao mercado interno quanto ao internacional.
O hub de transição energética da Bmg Energia terá como foco a produção de hidrogênio verde, amônia e, potencialmente, biodiesel e metanol. Devido as dimensões da área e sua abundância de recursos, o hub poderá receber vários projetos de forma simultânea e sinérgica.
O hidrogênio verde, considerado o combustível do futuro, atenderá tanto a demanda interna quanto a internacional, com foco especial na Alemanha, país que tem demonstrado grande interesse nesse tipo de energético.
A amônia, por sua vez, poderá ser utilizada na produção de fertilizantes, com possibilidade de suprir a demanda local e, possivelmente, atender ao mercado europeu. A produção de combustível de aviação verde (SAF), amparada por legislação que prevê a incorporação gradual desse tipo de combustível à matriz brasileira, e de metanol, também figuram entre as demais possibilidades do projeto.
Prospecção de sócios
A Bmg Energia reconhece a importância fundamental de parcerias estratégicas para a viabilização e o sucesso dessa empreitada. A companhia está em fase de negociação com players experientes na produção de hidrogênio verde e amônia, buscando firmar acordos de confidencialidade (Non-Disclosure Agreement – NDA), primeiro passo para a fase seguinte que envolve a assinatura de memorandos de entendimento (Memorandum of Understanding – MOUs).
“Diversos modelos de negócio estão sendo considerados, como joint ventures, parcerias verticalizadas e outros, visando encontrar uma estrutura que maximize os resultados para todas as partes envolvidas”, explica Caio David, Diretor de Novos Negócios.
O Grupo Bmg, por sua vez, demonstra apetite para investir no projeto, mas o montante dependerá do modelo de negócio e do parceiro escolhido, podendo variar desde um formato envolvendo projetos piloto até empreendimentos em escala comercial.
Certificação de origem
Celso Sant’Anna Diretor Financeiro, reforça que a iniciativa tem tudo para gerar um impacto socioeconômico transformador na região. A criação de empregos diretos e indiretos, o desenvolvimento da infraestrutura local e a melhoria das estradas vicinais são alguns dos benefícios esperados.
A capacitação profissional da população local, especialmente em áreas relacionadas à produção e logística de hidrogênio verde e amônia, também é uma prioridade para a empresa, visando garantir a participação da comunidade nos benefícios do projeto. O hub contribuirá para a sustentabilidade ambiental da região, por meio da produção de energia limpa com emissão zero de carbono e da utilização de energia certificada.
Independentemente do otimismo em relação ao projeto, alguns pontos relevantes ainda precisam ser melhor endereçados, como o valor total do investimento, a busca por possíveis incentivos dos governos federal e estadual, bem como os desafios e riscos inerentes ao empreendimento.
Ainda em termos de apoio, o executivo lembra que, no plano interno, há uma do disposição governo federal para impulsionar projetos de transição energética. A busca por apoio de fundos internacionais também está no radar.
A Bmg está atenta ao desenvolvimento de uma legislação de incentivos fiscais pelo governo da Bahia, inspirada no modelo do Porto de Pecém, no Ceará. Aguarda-se por informações precisas sobre o andamento desse processo.
“É fundamental que a Bmg Energia mantenha a transparência em relação a esses aspectos, para que a sociedade possa acompanhar o desenvolvimento do projeto e avaliar seus impactos de forma abrangente”, enfatiza Sant’Anna.