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Os investimentos do Brasil em eficiência energética vêm diminuindo gradativamente desde 2016. Segundo a plataforma INOVA-E, projetada pela Empresa de Pesquisa Energética, o valor atingiu R$ 309 milhões no ano passado, configurando o menor montante já aplicado pelas empresas do setor elétrico desde 2013, quando começou o levantamento. Em 2022 o volume chegou a mais de R$ 358 milhões. Esse cenário de queda vai contra a ideia de que o segmento precisa avançar mais até 2030 para ajudar no processo de descarbonização, conforme preconiza a Agência Internacional de Energia.

No total o país aplicou quase R$ 6 bilhões em projetos de eficientização oriundos de investimentos públicos ou publicamente orientados. Mais da metade foi oriunda do BNDES (R$ 4,1 bilhões), enquanto a Aneel e a Finep corresponderam a 14% e 16%, respectivamente. A destinação aconteceu principalmente para tecnologias aplicadas ao setor de transporte rodoviário, seguida por aplicações não alocadas, e depois para a indústria, residências e comércios.

Já o Odex, indicador que apura o progresso da eficiência utilizando índices de consumo unitário por subsetor (cimento, cerâmica, têxtil, etc.) ponderados pela participação no consumo total de energia do setor, mostra que o país em 2023 se encontra 11,8% mais eficiente energeticamente do que em relação a 2005 e 1% na comparação com 2022, somando 88,2%. No horizonte do estudo, todos os setores analisados apresentaram ganhos, sendo os maiores nos segmentos residencial e de transportes, com 20,9% e 17,6%, respectivamente.

Maior investimento do país em eficiência energética aconteceu em 2014, quando foram aplicados mais de R$ 631 milhões (EPE)

Consumo residencial e comercial

De 2000 a 2023, a demanda de eletricidade por domicílio cresceu 29% (avanço de 1,1% ao ano) no mesmo horizonte. O consumo teve uma queda brusca em 2001 devido ao racionamento, que estimulou uma mudança de hábitos e promoveu medidas de eficiência nos lares brasileiros. Já o significativo aumento em 2023 pode ser explicado pelo uso mais intenso de ventiladores e aparelhos de ar-condicionado, devido à onda de calor provocada nos últimos meses do ano pela chegada do El Niño.

A conservação de alimentos é o uso final com maior demanda por residências, representando em média 25% do consumo de eletricidade anual na classe. O que é explicado pelo fato das geladeiras estarem em praticamente todos domicílios, ligadas 24 horas em todos os dias do ano e terem um consumo específico significativo. Apesar da posse baixa de 0,18 equipamento/domicílio dos condicionadores de ar em 2023, eles possuem o maior consumo médio por aparelho, o que resulta na segunda posição entre os mais eletrointensivos no ano (cerca de 16% do total do consumo residencial anual).

Ventiladores e Circuladores de Ar possuem uma posse um pouco maior, sendo uma solução de menor custo para a climatização ambiental. Já a quantidade de chuveiros elétricos caiu entre 2005 e 2023. Apesar de o consumo médio anual por equipamento ter aumentado devido à aquisição de aparelhos de maior potência, a participação desse equipamento no consumo residencial reduziu significativamente desde 2005, chegando a 13% em 2023.

Por sua vez, a demanda por energia elétrica dos comércios contou com um aumento de 7% quando comparado ao ano anterior. Analisando o período de 2006-2023, observa-se um aumento crescente da área de estabelecimentos comerciais com taxa média anual de 3,1%, enquanto no mesmo período o consumo de eletricidade do setor apresenta um aumento de 3,8% ao ano.

Os dados do boletim econômico da Abrava (dezembro de 2023) apontam um crescimento no ano de 10% para os equipamentos centrais (tonelada de refrigeração – TR) e 14% para o faturamento de todo o setor em relação a 2022, grande parte motivada pela retomada dos serviços e as temperaturas médias elevadas.

Indústria

Na indústria, o Atlas da EPE destaca em 2023 uma redução mais acentuada da produção das aciarias elétricas (cerca de 12% de queda) do que da produção de aço bruto nas siderúrgicas integradas (cerca de 5% de redução). O “mix” da siderurgia teve acréscimo do seu consumo específico na comparação anual, contribuindo para o aumento do Odex industrial o que não significa que as rotas tecnológicas individualmente ficaram menos eficientes.

No segmento de cimento, foi verificado um esforço que o setor tem empreendido com o objetivo de reduzir as emissões de gases de efeito estufa (GEE), incluindo a utilização de combustíveis alternativos. Entre eles pneus, resíduos industrias, resíduos sólidos urbanos, e outras fontes como carvão vegetal, madeira, resíduos agrícolas, biodiesel e outras biomassas.

Estes movimentos eventualmente vem provocando aumento do consumo específico de energia no segmento no ano. Ou seja, priorizou-se a redução das emissões em detrimento da eficiência energética global do segmento.

Na parte de “Não Ferrosos” e outros da metalurgia, a produção de alumínio primário teve crescimento de 26% no ano passado, em grande medida devido à retomada das operações da Alumar. A atividade é eletrointensiva e responde por parte significativa do consumo de eletricidade do grupo. No entanto, em termos de valor adicionado, sua participação é baixa quando comparada aos demais produtos, com a combinação destes fatores contribuindo para o aumento do Odex no setor.