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A Shell Brasil pisou no freio e paralisou os projetos com foco comercial envolvendo energia solar e hidrogênio renovável devido às condições de mercado no país. A informação foi confirmada ao CanalEnergia pelo presidente da empresa, Cristiano Pinto da Costa, durante encontro com jornalistas nessa terça-feira, 7 de janeiro. Ele referiu o primeiro caso devido a sobreoferta de usinas, sendo muito mais interessante no momento comprar energia fotovoltaica do que desenvolver projetos próprios. Mas reforça que as iniciativas de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PDI) seguem em curso.
Vale lembrar que a petroleira possui um pipeline de até 3 GW de capacidade instalada para a fonte essa década, concentrados em Minas Gerais, Goiás e no Nordeste. Quanto ao H2, o executivo destacou que será uma pausa em uma das principais iniciativas divulgadas por aqui, e que começaria agora em 2025 com 10 MW no Porto do Açu. Essa medida deve-se a uma mudança na estratégia global da companhia em focar primeiro seus esforços em um grande projeto na Holanda para depois trazer eventualmente ao Brasil ou outro país.
“Estamos construindo os maiores eletrolisadores da Europa e quando tomamos essa decisão é porque vemos um mercado mais avançado na transição e oferecendo mais subsídios”, afirma Cristiano, ponderando que nenhum cliente da Shell iria firmar contratos de longo prazo para a molécula produzida em solo brasileiro. Além disso, a empresa está investindo em pesquisa para transformar etanol em hidrogênio, em parceria com universidades e corporações como a Toyota.
Já sobre eólica offshore, o CEO ressalta a paralisação dos investimentos em todo o mundo devido ao aumento dos custos de implantação nos últimos anos. E que vê o Brasil com diferenciais de capacidade de áreas e ventos em relação a outros países.
CEO da empresa falou sobre petróleo e negócios de baixo carbono com jornalistas na sede da empresa no Centro do Rio de Janeiro (Shell Brasil)
Descarbonização
Questionado sobre descarbonização das operações, Cristiano destacou o processo de transição energética acontece a partir de várias aplicações, sendo preciso atuar em todos os espectros da energia, cujo consumo só irá aumentar com o passar dos anos. “Transição só vai acelerar se atuarmos na demanda, na forma como usamos a energia”, aponta.
Na produção atual, ele reforça a busca da companhia em ter uma intensidade mais baixa de carbono, produzindo mais barris de petróleo e gás com menos emissões, citando trabalhos e estudos em parceria com a Petrobras para melhorar a eficiência das plataformas. Um dos exemplos são os sistemas Flare, de torres instaladas nas estações para capturar e queimar os gases não utilizados, com premissas de segurança e sustentabilidade. “Também estamos buscando águas mais profundas para resfriar as plataformas, tornando algumas All Eletric, para no futuro desligar o consumo de diesel e gás para plugar energia elétrica”, aponta.
O executivo também destacou o foco da Shell na entrada no mercado de etanol no Brasil, citando novas plantas desse combustível de segunda geração, com 30% a menos de emissões, e vendo como muito interessante o lançamento do PL Combustível do Futuro. “Não estamos olhando nenhum projeto de investimento na produção de biogás, mas a Raízen sim. O que estamos fazendo é nos preparar, conversando com diversos atores, para eventualmente comprar e inserir o biogás visando cumprir o mandato de descarbonização do PL”, explica.
Por fim, salienta que a companhia aplica cerca de R$ 600 milhões por ano em projetos de PDI, boa parte direcionado para reduzir emissões das atividades de exploração e produção ou gerar potenciais novas formas de suprir energia com menos intensidade de carbono.