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A GranBio, em parceria com a Usina Caeté, Usina Santo Antônio e Impacto Bioenergia, e com apoio do Governo de Alagoas, lançou a Exygen I, que irá produzir biocombustíveis sustentáveis no Brasil. Com um investimento de cerca de R$ 1,5 bilhões para os próximos anos, o complexo produzirá 160 milhões de litros de etanol neutro em carbono por ano, a partir de 2026, utilizando resíduos do açúcar. Além disso, gerará 50 milhões de m³ de biometano por meio da vinhaça, resíduo líquido da cana-de-açúcar.
A próxima etapa do projeto inclui, a partir do ano que vem, a produção de biogás e CO₂ biogênico — dióxido de carbono originado da decomposição de matéria orgânica —, a produção de biofertilizantes e com uma expansão futura para a produção de e-metanol, um combustível sintético de última geração que atenderá a setores de difícil eletrificação, como o transporte marítimo.
A expectativa é que a operação completa da Exygen I gere 510 empregos diretos e mais de 1.200 postos de trabalho durante as obras das fases subsequentes. Segundo o CEO da GranBio, Bernardo Gradin, o projeto visa alcançar maior competitividade e sustentabilidade, gerando impacto positivo em empregos e na economia local.
A escolha de Alagoas como sede do projeto foi estratégica, já que o estado conta com oferta de gás natural e uma política de incentivos fiscais favorável. Em agosto de 2024, o governador Paulo Dantas assinou um decreto que institui o programa Exygen I, que dá incentivos e cria as condições necessárias para a produção do etanol de baixo carbono, posicionando Alagoas como polo de produção de energia limpa. “Com sua abordagem inovadora, a Exygen I coloca Alagoas na vanguarda da energia sustentável. Estamos atraindo indústrias que demandam energia limpa e acessível, consolidando o estado como referência em desenvolvimento econômico verde,” disse o governador Paulo Dantas.
O projeto prioriza a neutralidade em emissões de carbono e adota práticas sustentáveis que incluem a reutilização quase integral de recursos hídricos e a reciclagem dos efluentes – que serão aproveitados na produção de biofertilizantes, seguindo o princípio da economia circular. Com sua abordagem integrada e sustentável, a Exygen I reforça o compromisso com a economia circular e a neutralidade de carbono, liderando a transição global para soluções energéticas sustentáveis.
Bernardo Gradin ainda destacou que a planta é toda automatizada e tem apenas um operador na sala de controle, mas com equipes de manutenção. “Com a automatização você tem uma outra precisão, e com isso temos um grau de controle melhor do que uma usina convencional”, afirmou.
O executivo ainda destacou que a companhia irá produzir biometano durante o ano inteiro e entregar através do gasoduto da TAG para qualquer cliente de gás no Brasil. “Estamos a 4 KM do TAG e com isso podemos expandir a nossa produção de gás através do porto de Maceió”, relatou. E segundo ele, isso só é possível graças ao novo arcabouço legal implementado no ano passado. “Não se trata de uma mudança na lei de combustíveis, mas na legislação sobre biometano, que trouxe a segurança jurídica necessária para viabilizar esse modelo inovador”, ressaltou.
Hidrogênio verde
De acordo com Gradin, o volume do CO2 comprimido, limpo, controlado é matéria-prima para a produção do e-metanol que combina esse CO2 com o hidrogênio e que é separado da água, a hidrólise. “Para fazer o hidrogênio verde, e aplicá-lo na produção do e-metanol, a gente precisa de contratos de longo prazo de energia bem barato e garantido por longo prazo. E essa energia tem que ser verde”, disse.
Segundo ele, o Nordeste brasileiro, com seu parque eólico e solar em expansão, oferece condições favoráveis, permitindo que 60% a 70% dessa energia seja gerada a baixo custo e com segurança de oferta a longo prazo. “No entanto, a falta de integração eficiente dos sistemas elétricos nacionais dificulta, mas temos acesso pleno a essa energia barata e à capacidade instalada”, ressaltou.
O executivo da GranBio ainda citou que combinando o potencial do sol e do vento do Nordeste com energia hidráulica integrada é possível desenvolver a primeira planta em escala para produção de e-metanol, focada no transporte marítimo, especialmente para atender à demanda europeia de descarbonização. “Além disso, a próxima fase se concentra na eficiência industrial, utilizando tecnologias avançadas aplicadas à automação e à destilaria. Esse modelo aproveita o parque existente, adaptando-o para operar durante todo o ano, gerando ganhos de escala e compartilhando os benefícios com parceiros que fornecem melaço a preços competitivos”, destacou.
O evento de lançamento da Exygen I, sediada em São Miguel dos Campos, contou com a presença do vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin; do ministro dos Transportes, Renan Filho; do governador de Alagoas, Paulo Dantas; e do prefeito de São Miguel dos Campos, George Clemente.
*A repórter viajou a convite da GranBio