Olá, esse é um conteúdo exclusivo destinado aos nossos assinantes
Cadastre-se GRATUITAMENTE ou faça seu LOGIN e tenha acesso:
Até 5 conteúdos
fechados por mês
Ficar por dentro dos cursos e
eventos do CanalEnergia
Receber nossas newsletters e
mantenha-se informado
sobre o setor de energia.
Notícias abertas CanalEnergia
ou
Já sou cadastrado,

Com os olhares voltados para a prestação dos seus serviços nos últimos anos, as distribuidoras brasileiras têm nesse cenário uma oportunidade para se adaptarem aos novos tempos, de cada vez mais rapidez na resposta e menor tempo na solução. Em entrevista ao CanalEnergia, Sidney Simonaggio, especialista em energia elétrica, vê os tempos como desafiadores, pelas decisões que o setor será instado a tomar. “É uma oportunidade de corrigir coisas para que possamos ter uma operação melhor da distribuição”, explica. Simonaggio já foi presidente, vice-presidente e diretor de empresas de distribuição como a gaúcha RGE,  o extinto Grupo Rede Energia e a Eletropaulo, atual Enel São Paulo.

Outro ponto abordado por Simonaggio é que o consumidor não tolera mais ficar sem energia durante longos períodos e a regulação já vem sinalizando quanto a isso. Um dos Índices de qualidade, o de Duração Máxima de Interrupção Contínua, que representa a interrupção de maior duração percebida pela unidade consumidora em um determinado período, vem sinalizando nessa direção. Segundo ele, esse índice está em quatro horas, mas para eventos extremos se amplia para 12 horas. “A Aneel está dizendo para a distribuidora que ela não pode interromper mais do que isso”, avisa. A agência também tem sinalizado que os critérios para os índices de DEC e FEC – de duração e frequência de interrupções – serão aprimorados.

Ele lembra que o cenário ideal era que não houvesse ocorrências, mas que muitas vezes são inevitáveis, como as provocadas por queda de árvores e desgaste de equipamentos. Para ele, a concessionária deveria criar uma rede de ações para prevenir essas ocorrências, como a evolução das estruturas para suportar ventos mais fortes. “Quanto vai custar fazer uma rede preparada para 60, 70 ou 80 km/h? São providências preventivas para que a rede seja mais resiliente”, explica.

Como mais um esforço para essa rede, Simonaggio coloca a contratação de pessoal como um ponto a ser observado. Ele reconhece que se por um lado, as distribuidoras têm investido na rede, já que esse investimentos é reconhecido no reajuste da tarifa. Mas por outro, o aumento de equipes de trabalho é despesa operacional não reconhecida. “Tem que ter uma conversa entre regulador e distribuidora para sair desse impasse”, aponta.

A queixa das distribuidoras que um contingente numeroso de equipes só seria necessário no verão é rebatida por ele, que sugere no restante do ano atividades de manutenção para as equipes ociosas. A falta de fôlego financeiro também não seria desculpa, já que as transmissoras têm conseguido investir em modernização e também atua com ‘fios’.

A substituição da rede secundária por redes multiplexadas também seria outra saída. Isso permite que fios encapados e trançados impeçam que a queda de galhos causem desligamentos. Na rede primária, a adoção de rede compacta também traz bons resultados. “Com baixíssimo custo e tecnologia, são duas soluções que operam milagres. Tem que adotar, fazer isso em escala”, aponta. Com isso, as ocorrências interrupção teriam um outro perfil. Além disso, a instalação de chaves e interligações ao longo dos circuitos pode isolar a interrupção apenas para quem está próximo ao defeito, mitigando o impacto.

Ele lamenta que iniciativas como as tarifas binômias e pré-pagas não foram à frente. Quando atuava pela Rede Energia, Simonaggio pregava pela adoção da modalidade. Segundo ele, a tarifa binômia poderia ser uma solução para preservar o caixa das distribuidoras de problemas externos e é adotada em muitos mercados. “Não é que seria ter tarifa binômia, já deveria ter tido dez anos atrás. Está super atrasado aqui”, dispara.

Já a energia pré-paga foi descoberta em uma viagem à África do Sul. Lá, foi uma solução social para enfrentar o furto de energia causado pela inadimplência. Não bastava apenas uma solução tecnológica para blindar a rede, já que os consumidores não tinham recursos para pagar a conta. Com o pré-pagamento, são dados de saída para os consumidores os primeiros 50 kWh, mas quando esse crédito acaba, o fornecimento é cortado. Com isso, o consumidor tem que comprar a energia que vai demandar. “Virou uma solução pacífica”, comenta

Para a implantação da energia pré-paga, era preciso aval do parlamento brasileiro, o que não aconteceu. Houve temor dos políticos com os impactos com o corte imediato da energia para os consumidores.