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O Leilão de Reserva de Capacidade de Potência, que será realizado no próximo dia 27 de junho, poderá contar na disputa com termelétricas movidas a hidrogênio. A Nexblue quer participar do certame, mas espera até o próximo dia 14 o aval da Empresa de Pesquisa Energética para tal. De acordo com o CEO da empresa, Nelson Silveira, a intenção é participar na mesma categoria que as UTEs a gás natural.
“Temos um combustível que é equivalente ao gás natural, se a gente é competitivo ou não, o leilão dirá”, explica. Silveira enfatiza que não quer nenhum tipo de privilégio ou incentivo, mas apenas entrar no certame nas mesmas condições das termelétricas a gás.
O projeto inicial da UTE consiste em um parque solar que alimenta o eletrolisador, que produz o H2 que será estocado para operar a turbina movida por esse energético. Como a energia solar é intermitente, a ociosidade do eletrolisador foi detectada e com isso veio a ideia da sintetização do e-metanol, que virá através da queima da biomassa de casca e coco de babaçu com a captura do CO2 com o energético.
As seis usinas já possuem as outorgas. São cinco projetos: dois nos estados do Maranhão e dois no Piauí e um no Ceará. Cada UTE tem cerca de 20 MW e o parque solar tem 220 MW. O investimento para a produção de energia através do H2 ficaria em torno de R$ 150 milhões, excluindo o do parque solar. Segundo Silveira, o projeto só é flexível porque alia o metanol com a energia. Silveira destaca que o pioneirismo do projeto está menos no fato do hidrogênio mover a térmica e mais no seu arranjo, que agrega um conjunto de tecnologias para formar algo que hoje não existe no mundo – plantas de H2 operando continuamente contribuindo para a transição energética.
Segundo ele, isso só será possível porque não haverá o transporte do H2, com o energético sendo usado na própria planta para gerar energia e produzir e-metanol. Pela sua característica, o leilão apareceria como única opção para viabilizar a UTE. Uma outra saída poderia ser o uso para um Data Center, mas o tamanho dos DCs demandaria projetos mais pujantes que o da Nexblue. O modelo de geração também permite agilidade no acionamento e desligamento, mesmo no ciclo combinado, e 100% de flexibilidade operativa.
O CEO da empresa tem visto boa vontade da EPE e da ANP para a participação dos projetos no certame, uma vez que não afeta a disputa. A empresa participou da consulta pública do leilão, mas o pleito para a participação acabou ficando em segundo plano. “Estamos otimistas e acho que vamos conseguir efetivamente colocar esses projetos no leilão, mesmo que não ganhe”, revela.
Mesmo uma derrota não arrefece o ânimo do executivo. A UTE seria um sinal do Brasil para nova tecnologias limpas no ano da COP 30 e em um momento de transição energética na América Latina. A térmica também não iria emitir CO2, ao contrário das movidas agás natural.
Para ele, a competitividade do projeto vem por conseguir integrar a venda de metanol com a venda de reserva de capacidade. “O custo do eletrolisador está dividido entre dois produtos”, comenta.
O arranjo técnico do projeto tem a garantia do epecista. O executivo conta que atrair financiamento não tem sido um entrave, já que a maior investimento fica no parque solar. A viabilização da UTE movida a hidrogênio traria benefícios para pesquisa e aprendizado em muitos temas, como a recuperação do vapor d’água do eletrolisador, assim como a oxicombustão na usina.
Na última segunda-feira, 10, o governo publicou a sistemática do leilão, que incluiu apenas UTEs a gás natural e os biocombustíveis. Silveira ainda considera seu projeto competitivo. Para ele, a metodologia privilegia usinas com maior CVU, o que iria contra a modicidade dos custos e deixaria de olhar que a reserva de capacidade tem também a função de ser reserva para a matriz hídrica, onde o menor CVU é o desejável.