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A Bolt Comercializadora iniciou a importação comercial de energia da Venezuela na manhã da última sexta-feira, 14 de fevereiro, segundo informações do Operador Nacional do Sistema Elétrico. A empresa foi autorizada no ano passado a importar até 15 MW, de janeiro a abril desse ano, por meio da LT 230 kV Boa Vista/Santa Elena de Uiarén. O custo da energia é de R$ 1.096,11/MWh.
No sábado, 15, no entanto, um desligamento registrado às 16h16min na linha que interliga a Venezuela ao estado de Roraima interrompeu aproximadamente 15 MW que estavam sendo escoados para o Brasil. O IPDO (Informativo Preliminar Diário da Operação) do ONS informa que, no mesmo minuto, ocorreu o desligamento total da UTE Jaguatirica II, que gerava 67 MW.
Em consequência, foi acionado o 5° estágio do Erac (Esquema Regional de Alívio de Carga), com a interrupção de 103 MW, correspondente a 65% da carga do estado.
A sequência de eventos acabou provocando o apagão total em Roraima, único estado ainda não interligado ao sistema elétrico brasileiro. Foram interrompidos 60 MW de cargas que ainda permaneciam ligadas após a primeira ocorrência, e a recomposição iniciada às 16h52 só foi concluída às 17h50.
No domingo, 17, o IPDO destaca que o intercâmbio da Venezuela para o Brasil “não apresentou desvio significativo em relação ao valor programado,” e a geração térmica foi superior ao valor programado, devido à carga maior que o previsto.
Antes de iniciar a importação do país vizinho, a Bolt realizou teste em janeiro para verificar as condições da LT Boa Vista – Santa Elena, que foi desligada em março de 2019, quando uma crise na Venezuela interrompeu o fornecimento de energia ao Brasil. Os testes de adequação da linha, que teve de passar por manutenção do lado venezuelano, foram feitos por um período de 96 horas ininterruptas, e, segundo o ONS, foram inconclusivos.
Repasses da CCC
A Agência Nacional de Energia Elétrica deve autorizar nesta terça-feira (18/02) o repasse de recursos da Conta de Consumo de Combustíveis Fósseis à Bolt, para a cobertura dos custos de conexão e uso das instalações de transmissão da Eletronorte. A importação destinada a abastecer os Sistemas Isolados da capital Boa Vista e localidades conectadas terá caráter interruptível.
O valor total estimado do reembolso da CCC é de R$ 41,2 milhões, mas o calculo do repasse de cada parcela mensal vai depender da energia efetivamente entregue. Segundo a Aneel, o benefício potencial estimado para a CCC considera a operação definida pelo ONS, utilizando o critério de operação com limite que permite, no máximo, a atuação do primeiro estágio do Erac em 15MW. Uma eventual alteração de cenário futuro poderá levar à revisão do valor a ser recebido pela empresa.
Um decreto de 2023 incluiu a importação de energia de empreendimento novo ou existente entre os casos passiveis de ressarcimento pela CCC, desde que comprovada a efetiva redução das despesas da conta setorial que financia a geração de energia térmica nos sistemas isolados. Os subsídios da CCC são pagos pelos consumidores do Sistema Interligado Nacional.
Regras de importação
A importação feita pela comercializadora deverá deslocar as usinas térmicas mais caras que atendem os sistemas isolados, até o limite operacional indicado pelo ONS. O suprimento de energia para Boa Vista é feito por geração térmica das usinas Floresta, Distrito, Novo Paraíso, Monte Cristo, todas com Custo Variavel Unitário mais caro que o valor da importação de energia.
E também pelas UTEs vencedoras do leilão de 2019 que já entraram em operação, sendo a principal delas a UTE a gás Jaguatirica II, da Eneva, com capacidade instalada de 140 MW. Jaguatirica II é a usina mais barata entre as térmicas que atendem Roraima, com CVU de R$ 263,77/MWh.