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O Brasil precisa investir US$ 6 trilhões para alcançar o objetivo de ser um país net zero em emissões em 2050. A capacidade instalada de geração deverá aumentar 3,5 vezes para esse mesmo objetivo. Contudo, os valores dos aportes indicados são apenas 8% mais elevados do que o estimado para a transição energética com base na racionalidade econômica. Essas são as principais conclusões do tradicional New Energy Outlook, versão 2025, relatório da BloombergNEF.
Segundo o relatório, o segmento de transporte é o maior a ser enfrentado para que o país alcance a neutralidade daqui a 25 anos. Este representa cerca de metade das emissões de CO2 do país. Outro que merece atenção especial é a indústria e suas operações com 25%. A consultoria identificou ainda o setor de geração e depois vem o setor predial. Os números estão baseados em resultados de 2023, quando o país emitiu cerca de 400 milhões de toneladas métricas do gás de efeito estufa.
Os cálculos apresentados nesta quinta-feira, 20 de fevereiro, estão alicerçados no cenário de neutralidade de emissões considerando um limite de aumento médio da temperatura de 1,75 grau Celsius até o final deste século. O outro cenário avaliado considera o aumento médio de 2,6 graus, que significaria reduzir as emissões para o patamar de 370 milhões de toneladas métricas nesse mesmo período. Ou seja, com um investimento 8% mais elevado é possível chegar à neutralidade.
“As emissões relacionadas à energia devem cair rapidamente junto com as ações para lidar com o desmatamento e as emissões da agricultura. Nossa modelagem mostra que a eletrificação contribui mais para as reduções de emissões, mas a bioenergia, o hidrogênio e a captura de carbono também são essenciais”, destaca a empresa no relatório.
Vinícius Nunes, analista da BloombergNEF, explica que no cenário perspectivas econômicas se chegaria a um aquecimento de 2,6 graus. A diferença entre os aportes para o Net Zero seria de apenas 8% no horizonte do período analisados. “Sempre focamos as análises no setor elétrico, mas dessa vez conectado a todos os setores nesse relatório, onde relacionamos todas as emissões que aqui no Brasil estão mais relacionadas à agricultura e ao desmatamento”. E acrescenta que “o setor elétrico brasileiro já é historicamente de baixas emissões, mas devemos pensar no setor energético que deve mudar muito nos próximos anos”.
Considerar esse cenário é importante, continua ele, porque se o Brasil quiser alcançar seus objetivos é necessário pensar na matriz energética como um todo.
Por esse motivo, diz o analista, a eletrificação dos dois maiores segmentos que ainda apresentam alto nível de participação nas emissões é essencial. Há processes de fácil substituição como a troca de veículos a combustão por veículos elétricos para o transporte de passageiros e uso pessoal. Processos industriais do alumínio e do cimento também são citados e tornam a demanda por energia mais elevada. Assim, como consequência, há a necessidade de investimentos em novas usinas para a geração limpa. Para aqueles setores da economia que não são de fácil substituição, ele relaciona ações como o uso de hidrogênio verde para descarbonizar essas atividades ou o SAF, combustível de aviação sustentável, na siga em inglês.
Cenários
O chamado cenário de perspectivas econômicas analisa os setores de energia, indústria, transporte e edifícios, bem como, esses segmentos podem evoluir como resultado de mudanças tecnológicas baseadas em custos. E tem como características o aquecimento de 2,6 °C até 2100, não assume nenhum suporte político adicional para a transição energética além das medidas existentes, bem como, a transição de baixo carbono é amplamente limitada aos setores de energia e transporte.
No Net Zero descreve um ambiente desafiador mas que mostra ser viável para a meta de neutralidade das emissões até 2050. Nesse caso, não prevê nenhuma ultrapassagem ou dependência de emissões líquidas negativas pós-2050. O calculo prevê descarbonizar totalmente energia, transporte, indústria e edifícios até 2050.
No caminho para alcançar esse cenário de neutralidade o país precisará contar com um amplo leque de tecnologias. Na avaliação da BNEF, a eletrificação representa 55% dos esforços, bem depois, com 10% cada vem energia limpa e hidrogênio, seguido de captura e armazenagem de carbono com 9%, outros 8% vindo da bioenergia. Na lista, em menor escala aparecem ainda eficiência energética, a substituição de combustíveis e até a remoção de carbono da atmosfera.
A expansão da capacidade de geração no país é vista em ambos os cenários. Dos atuais mais de 200 GW pode ver a potência, no mínimo, mais que dobrar nesses 25 anos. A capacidade total no Cenário de Transição Econômica atinge 574 GW em 2050. No Net Zero esse volume alcança 842 GW. A energia solar sozinha é responsável por mais do que qualquer outra tecnologia no primeiro e a eólica é quem ocupa o lugar no Net Zero. “Em ambos os cenários, há um aumento nas usinas de pico a gás. Elas desempenham um papel importante acomodando o crescimento intermitente da capacidade renovável e a alta penetração de geração distribuída no sistema”, conclui.