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O ano de 2024 foi de expansão para a biomassa e 2025 promete ser mais agitado ainda. Contudo, o segmento que é responsável por uma capacidade instalada de quase 18 GW, dados consolidados de janeiro, olha com preocupação para 2026. A ausência de contratação em leilões e a proximidade de encerramento de contratos fechados em certames de 2008 pode tirar 2 GW em potência. Uma das plataformas que a entidade, que representa o setor, vê como saída é a adoção de um produto específico para concorrer nos leilões de capacidade futuros.
Em geral, a fonte biomassa instalou 586 MW novos na matriz elétrica do país no ano passado. A previsão para este ano é mais elevada, 768 MW em nova capacidade instalada. Segundo dados atualizados da União da Indústria da Cana-de-Açúcar (Única), caso o acréscimo de potência previsto neste ano se confirme, ficará acima da média anual da fonte biomassa observada nos últimos 20 anos, que foi de 672 MW entre 2005 e 2024.
O gerente de Bioeletricidade da entidade, Zilmar Souza, comenta que houve leve aumento na produção de energia elétrica por meio da fonte no ano passado ante 2023. Foram injetados 21.218 GWh de biomassa de cana. Esse volume, acrescenta ele, elevou a produção ao patamar histórico de mais de 22 mil GWh. Esse aumento da produção de eletricidade deve-se ao fato de que houve o aumento da potência instalada e à disponibilidade da biomassa ao longo do ano. Ele relaciona ainda os investimentos em retrofit em usinas existentes, mas realça o fato de que novas usinas que entraram no sistema estão relacionadas ao etanol do milho e que usam biomassa florestal para funcionar.
“Neste ano, da expansão esperada, 512 MW já foram concretizados, restam 255 MW. Agora, ao olharmos para 2026 o volume cai para 248 MW. Claro que até lá deveremos ver adições, mas esse volume preocupa”, avalia ele ao CanalEnergia.
Um dos motivos para essa redução está na ausência de novos leilões de energia nova. O A-5 está restrito à fonte hídrica. Contudo, a bioeletricidade está autorizada pelo governo a disputar o leilão de capacidade, o LRCAP, em um mesmo produto que as térmicas a gás natural. Para o representante da Única, a biomassa merecia ser incluída em um produto específico.
Por essa razão, a entidade deverá buscar o governo para que no próximo certame dessa modalidade a fonte possa ter um produto específico, afinal, a tendência é de que o país necessitará realizar leilões como o LRCAP, anualmente.
Um dado que mostra a ausência de usinas dessa fonte em leilões é o fato de que de 13 UTEs programadas para entrar em operação 10 delas estão fora do ACR. Souza ressalta que essas contratações de energia nova são importantes para que os empreendedores garantam financiamento junto ao BNDES por terem contratos de longo prazo. Mas diante da realidade, diz que o setor precisa se reinventar para que a biomassa siga no país até porque contratos de 2008 começaram a chegar ao fim de sua vigência em usinas que somam 2 GW. Essa descontratação deverá ocorrer entre 2024 a 2027. O mercado livre é uma das possibilidades. Atualmente, 70% da energia é destinada ao ACL.
Souza argumenta que a fonte possui características importantes para a matriz, é renovável e é despachável. Assim, ajuda a mitigar a intermitência das renováveis. Ele não passou uma estimativa de valores que a fonte poderia apresentar no leilão de capacidade, mas diz que será competitiva ante o CVU de R$ 1.711,18 por MWh a ser considerado no certame.
“Há diversas fontes dentro da biomassa que apresentam diferentes preços, então não dá para falar em um preço médio como padrão para a bioeletricidade”, pontua.
Atualmente, diz o executivo, estudos apontam que o Brasil poderia ter geração a biomassa sete vezes maior do que os patamares atuais. Seriam 150 mil GWh, o que daria algo como 27% do consumo de eletricidade de 2024. Esse, explica o gerente, é o potencial técnico, caso não houvesse barreiras econômicas ou comerciais para a expansão. Claro, que demandaria investimentos em novas usinas e equipamentos.
Enquanto essas mudanças não chegam, a biomassa da cana continua soberana no país. Em janeiro de 2025, o bagaço e palha respondiam por 71,9% de toda potência outorgada pela fonte, com 12.697 MW instalados e 428 unidades em operação comercial. O licor negro, resultante do processo de fabricação de celulose, ocupava a 2ª posição na capacidade instalada, com 3.335 MW e 22 unidades em operação, sendo seguido pelos resíduos florestais com 837 MW e 77 unidades.
O Estado de São Paulo lidera em capacidade instalada pela fonte biomassa em geral no país, representando 39,8% do total, com 7.028 MW instalados por 238 termelétricas renováveis. Os cinco principais Estados em termos de capacidade instalada pela biomassa em geral representam 79,2% do total da fonte. Além de São Paulo em 1º lugar, temos Minas Gerais com 2.188 MW, Mato Grosso do Sul com 2.003 MW, Goiás com 1.507 MW e Paraná com 1.266 MW
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