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Um dos principais riscos ao negócio da geração no país, o curtailment, deve continuar acontecendo nesse ano em volumes semelhantes ao verificado em 2024. A avaliação é do líder em Planejamento e Inteligência de Mercado da PSR, Mateus Cavaliere. A projeção é de que os cortes por confiabilidade devem seguir acontecendo, principalmente, no curto prazo, até que sejam resolvidos alguns gargalos por meio da entrada de novos ativos de transmissão.
Já no longo prazo, o especialista projeta uma preponderância do curtailment muito mais relacionado à falta de demanda para absorver a geração do que razões elétricas. Somente no ano passado, o prejuízo aos agentes somou cerca de R$ 1,6 bilhão com 14,6 TWh médios tirados do sistema, segundo levantamento da Volt Robotics.
Cavaliere lembra que os dois primeiros meses de 2025 foram marcados pela queda do linhão de Belo Monte e uma intercorrência entre o Norte e Nordeste, o que dá mais força para a tese de volumes semelhantes nos cortes de geração em comparação ao ano passado. “Até começar o ano achávamos que 2025 seria melhor, mas agora fica uma incerteza”, refere-se ao ponderar por outro lado que há uma perspectiva de carga elevada que pode reduzir o chamado curtailment energético.
A PSR trabalha com uma projeção de demanda no Sistema Interligado Nacional de 98 GW médios em 2030 no cenário base, com crescimento do PIB de 2% ao ano. Já na perspectiva mais pessimista seriam 95 GW médios, enquanto na otimista subiria para 103 GW médios nos próximos cinco anos.
Do lado da oferta, a forte expansão de 2023 para 2024 na geração centralizada renovável, assim como na GD, devem continuar até 2026 por conta do estoque de GD1, que ainda lida com alguns entraves. O mesmo ritmo de crescimento de 2024 também é esperado pela PSR quanto à autoprodução e abertura do mercado livre. “Existe um descasamento entre o tempo para colocar um gerador e carga num ponto e expandir o sistema de transmissão, que pode ser mais proativa do que reativa como acontece atualmente”, ressalta Cavaliere.
Em sua participação no Workshop PSR/CanalEnergia, que aconteceu na última quarta-feira (12), no Rio de Janeiro, a líder em Redes da consultoria, Amanda Fernandes, destacou a chamada corrida do ouro com relação à acomodação das novas cargas no sistema de transmissão, citando pedidos de conexão para hidrogênio no Nordeste, sobretudo em Pecém (CE). E também nos data centers, em algo que ainda está sendo investigado no país, mas com demanda maior já verificada no Sudeste, principalmente em São Paulo, para atender a pelo menos 1,2 GW.
Ela lembra que um dos pontos investidos quando se fala em novas tecnologias é um tempo de construção mais curto, trazendo à tona os cabos de alta capacidade. Apenas a troca do fio pode aumentar a robustez de uma linha de transmissão. “É mais rápido, evita processo de licenciamento mas tem a questão do custo, mas tem de considerar um custo valioso que é o tempo”, aponta a especialista.
Painel da tarde de ontem também trouxe projeções de preços e bandeira tarifária amarela em abril ou maio (Foto: Carlos Leandro)
Questionada sobre a possibilidade de implementação de subestações compartilhadas de cargas, Amanda entende a solução como interessante, lembrando que é uma das ideias aplicadas no Porto de Pecém (CE) e algo que pode ser aplicado no curto prazo em um consumo que cresce em hot spots. No caso dos centros de processamento de dados uma ideia é a criação dos data cities, uma espécie de local que agregaria esses data centers em uma região específica. Inclusive, essa solução poderia ser replicada posteriormente, talvez para o advento do hidrogênio renovável.
“A EPE enviou em 2023 um novo caderno de planejamento e estamos esperando o MME analisá-lo e colocar a discussão em consulta pública”, lembra a executiva, referindo-se a aperfeiçoamentos, critérios e método para uma acomodação da carga mais previsível, que é uma demanda não só do Brasil.
Sobre a inserção de baterias como ativos de transmissão para soluções estruturais no país, a PSR avalia que há desafio de custos e as análises pairam ainda sobre a localização desses dispositivos em meio a mais de 3 mil barramentos espalhados pelo país. A consultoria empreendeu alguns estudos com casos da Colômbia, Equador e Bolívia, terminando no momento um P&D com a Quantum sobre essa questão locacional das baterias. Além disso estuda a questão de remuneração e o tempo de uso desses equipamentos.