fechados por mês
eventos do CanalEnergia
mantenha-se informado
sobre o setor de energia.
Durante o último painel do Agenda Setorial 2025, realizado na última semana, no Rio de Janeiro, agentes pediram mais transparência do Operador Nacional do Sistema Elétrico nos cortes de geração de eólicas e solares, o curtailment. Para Ana Petti, diretora de Assuntos Regulatórios da Comerc, não haverá uma ‘bala de prata’ para soluciona o problema no curto prazo, mas a transparência deve ser uma dos ações da solução. “Ter um pouco mais de ciência das motivações e justificativas dos cortes, até para poder eventualmente discordar, contestar ou até contribuir par melhorar a operação”, afirma.
Ainda segundo a diretora da Comerc, o corte também afeta a segurança dos investimentos no país. Isso envolveria o risco que o gerador corre, que com os cortes, ficam imprevisíveis. “Riscos precisam ser mensurados, se não tudo vira uma força maior e não tem mais como receber investimento”, aponta.
Erika Breyer, Gerente de Regulação Senior da SPIC Brasil, também pediu mais transparência do ONS nos critérios dos cortes. A Spic tem sofrido com o curtailment. No ano passado, a geradora colocou em operação dois parques solares e em três meses consecutivos houve cortes acima de 60%. “O ONS ligava e mandava simplesmente não ligar o parque. É uma perda muito grande para um empreendimento que havia acabando de entrar em operação”, aponta.
Ainda segundo ela, sequer havia a chance de explicar ao acionista da usina o motivo do desligamento. Classificando as perdas como brutais, a gerente da SPIC classificou a situação como difícil, por não ter acesso a classificação do corte. A geradora suspeita que a possível classificação de corte por confiabilidade poderia ser alterada para indisponibilidade externa, já que no caso havia um atraso evidente no começo da operação de uma linha de transmissão, fator alheio ao gerador. “Ainda temos muita discussão do que vem pela frente porque o curtailment não vai ser resolvido da noite para o dia”, comenta.
A presidente executiva da Associação Brasileira de Energia Eólica e Novas Tecnologias, Élbia Gannoum, endossa as críticas das executivas das geradoras, salientando que não há uma justificativa do motivo do corte mesmo após sua execução, se foi por razão energética, elétrica ou por confiabilidade. Outro ponto que ela cita como obscuro é o volume de corte de uma usina em relação ao outra. “São tantos porquês que não está claro”, avisa
Para ela, talvez o operador ainda não tenha uma metodologia específica para os cortes o que faz com que a incompreensão aconteça. Por conta disso, a transparência na justificativa dos cortes se faz necessária. O Grupo de Trabalho do MME criado para debater o assunto traz esperança para a associação é visto por Élbia Gannoum como o fórum adequado e capaz de trazer uma solução para o presente, o passado e futuro dos cores de geração.
A presidente da ABEEólica também demonstrou preocupação com os efeitos da restrição da geração nos investimentos, que podem ser afastados em um momento da geopolítica global em que o Brasil pode ser uma vitrine de recursos para a transição energética.” O Curtailment vem agravar o futuro. Meus investidores não têm mandato para investir mais no país”, avisa.
De acordo com Marisete Pereira, presidente da Associação Brasileira das Empresas Geradoras de Energia, o curtailment é consequência de um modelo que não mais à realidade. Segundo ela, a fonte hídrica é que mais tem sofrido com as restrições na geração. De janeiro a dezebro de 2024, os cortes representaram 98 TWh, sendo que desse total 86% foi em vertimentos das UHEs. Ela se coloca otimista que no médio prazo o problema esteja endereçado.