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O nível de confiança no crescimento econômico local e da receita das empresas e na sustentabilidade dos modelos de negócios está aumentando no setor de energia e serviços de utilidade pública no Brasil. Segundo levantamento da consultoria PwC, mais da metade dos cerca de 150 a 180 CEOs ouvidos por aqui já veem um maior retorno sobre investimento em ações de impacto climático positivo, com os próprios apontando as mudanças climáticas como a maior ameaça ao setor nos próximos 12 meses.

Quando o assunto é a economia, tanto global quanto do país, os executivos demonstram um otimismo maior que a média nacional, envolvendo companhias de outros setores: 83% projetam um crescimento da economia global nos próximos 12 meses e 77% esperam aceleração local. Enquanto 68% dos líderes brasileiros acreditam no crescimento da economia global e apenas 58% da média global dos 4,7 mil CEOs ouvidos em mais de 100 países segue a mesma projeção. Em relação ao crescimento da economia local, a média nacional foi de 73%.

Em contrapartida, a confiança no crescimento da receita nos próximos 12 meses teve queda de 14 pontos percentuais em relação ao ano anterior. E, quando analisados os próximos três anos, a diminuição da desconfiança é ainda maior, tanto no segmento como na média nacional. “São dados que refletem uma visão cautelosa de curto prazo e que se torna ainda mais acentuada no longo prazo”, analisa o sócio e líder do setor de Energia e Serviços de Utilidade Pública da PwC Brasil, Adriano Correia.

Mudanças climáticas

Em coletiva realizada na manhã dessa terça-feira, 18 de março, Correia destacou que apesar do aumento de um terço nos custos em relação às mudanças climáticas, mais da metade reportaram incremento de receita, o que leva a crer que o movimento possa acelerar ainda mais. Apesar disso, o especialista esperava uma preocupação maior dos executivos com o clima, que aparece com 31%, configurando-se como maior ameaça global aos negócios nos próximos 12 meses. Já no levantamento do ano passado, esse percentual era de 39%.

“O que me deixou mais otimista é que os CEOs começam a reportar ganhos com aporte climáticos e IA generativa, mostrando que saiu um pouco do hype para tangibilizar resultados e analisar novos modelos de negócio e fontes de receita como serviços atrás do medidor”, ressalta, citando a evolução de parcerias e movimentos envolvendo a transição energética. Entre tecnologias que podem elevar ainda mais esse retorno, para além da fotovoltaica, ele cita as baterias podendo entrar em leilões no Brasil nesse ano, e mais a frente o hidrogênio, quando sua produção custar menos de US$ 2/kg.

No entanto, a proporção dos que constataram pouco ou nenhum retorno sobre os investimentos é a mesma. No total, 64% dos executivos do setor dizem que estes investimentos levaram a uma redução de custos ou resultaram em impacto irrelevante (a média no Brasil foi de 69%).

Esta inquietação também está presente quando os CEOs respondem sobre a viabilidade dos seus modelos de negócio: 51% acreditam que as suas empresas não serão viáveis economicamente por mais de dez anos sem mudanças significativas. Os dados refletem um aumento significativo em relação aos 29% registrados em 2024. Na média geral, 45% dos líderes brasileiros disseram que seus negócios não seriam viáveis se não se reinventarem nos próximos anos.

Depois das mudanças climáticas, com uma preocupação acima da média dos líderes brasileiros, aparecem como ameaças a disrupção tecnológica, indicada por 26%, além dos riscos cibernéticos e a instabilidade macroeconômica, ambos com 23%. “Vale destacar também que a falta de mão de obra qualificada, apesar de aparecer na pesquisa em um número menor que a média nacional, ainda permanece como uma das preocupações da indústria”, acrescenta Adriano, lembrando que a ameaça foi citada por 20% dos líderes do setor, enquanto a média nacional foi de 30%.

IA e a urgência da reinvenção

A 28ª edição da Global CEO Survey, que coletou as respostas entre outubro e novembro do ano passado, também traz a percepção dos CEOs sobre expectativas em relação ao uso da Inteligência Artificial (I.A) e I.A Generativa. Enquanto esse patamar médio aumentou no Brasil e no mundo, no setor houve uma queda de 55% em 2024 para 48% em 2025. E 54% dos executivos planejam investir na integração da I.A em plataformas tecnológicas e 46% indicam que pretendem investir em processos de negócios e fluxos de trabalho.

“Estes números nos mostram que a adoção da IA e IA generativa é um tema que mantém a relevância. Apesar do entusiasmo inicial ter passado, os investimentos continuam a ser feitos”, complementa Adriano Correia.

Em sua parte conclusiva, o estudo da PwC mostra que as utilities apresentam um desempenho similar ao da média nacional quando avaliadas as estratégias de reinvenção dos negócios, destacando-se na busca por novas bases de clientes. Por outro lado, indica uma grande diferença em iniciativas como modelos de precificação, exploração de novas rotas de mercado e desenvolvimento de produtos e serviços inovadores, ainda impactado por limitações regulatórias.

“O processo de transformação da indústria já começou a partir dos processos de transição energética e de digitalização”, conclui o sócio da consultoria. De acordo com 43% dos líderes do setor no Brasil, as suas corporações começaram a competir em pelo menos um novo mercado nos últimos cinco anos, evidenciando um movimento de diversificação e adaptação.