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A EDP Brasil projeta que deverá assinar o termo aditivo para a extensão da concessão da EDP Espírito Santo em maio. A concessionária é a primeira da lista a ter o acordo em vigor chegando ao final, em julho. Por conta desse prazo, o CEO da subsidiária local da portuguesa EDP diz estar com prazo tranquilo para a confirmação do novo compromisso por 30 anos.
João Marques da Cruz afirmou ao CanalEnergia que o pedido de vistas apresentado pelo diretor Fernando Mosna na reunião de diretoria da Aneel em 1º de abril foi encarado com naturalidade, pois o regulador teria até 60 dias para a avaliação do termo. Como ainda havia prazo ele disse que estava dentro das regras estabelecidas para o processo.
Inclusive, o processo está previsto para ser recolocado em votação na reunião de diretoria do dia 22 de abril. À época do pedido de vistas, Mosna argumentou que havia prazo para a análise e que precisaria debruçar-se sobre o processo para uma análise mais detalhada. Entre os temas que estão no foco do diretor figuram os índices de atendimento ao consumidor capixaba.
“Esses 60 dias terminam mais ou menos no fim de abril e acreditamos que o prazo vai ser respeitado. Acho que a situação da EDP Espírito Santo é muito pacífica, há o apoio da comunidade, do governo estadual, da população em geral, a qualidade de serviço é boa, estamos investindo muito, penso que é um caso fácil de decisão e acreditamos que o contrato vai ser assinado no mês de maio”, destacou o CEO da EDP que está em fase de transição, pois deixará a posição que ocupa no Brasil e no grupo até 31 de maio.
E a empresa tem um compromisso de investir R$ 5 bilhões na concessão durante os próximos 5 anos. Segundo ele, há 10 anos, a EDP investia o valor da depreciação. Atualmente o montante equivale ao triplo da depreciação. O executivo explica que quando se investe muito mais do que a depreciação em uma distribuidora ocorre a expansão da rede, tanto em qualidade como em quantidade.
Por esse motivo, o CEO destaca que está tranquilo quanto aos questionamentos do órgão regulador para a análise dos indicadores de qualidade.
Planos
Esse aporte no Espírito Santo representa cerca de 25% de todo o horizonte de investimentos que a empresa tem a intenção de realizar no país. São R$ 25 bilhões até 2030 em toda a América do Sul. No Brasil os aportes passam pela outra distribuidora da companhia e, mais especificamente, transmissão de energia, uma vez que a geração está em um momento mais delicado com os preços baixos e os cortes feitos pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico para a geração centralizada.
Contudo, ele destaca que a venda das usinas Santo Antonio do Jari e Cachoeira Caldeirão à Engie não teve influência nesse plano que já estava estabelecido pela companhia.
“A EDP está interessada em crescer em redes. Obviamente que em termos de distribuição a prioridade é o crescimento orgânico, estamos fazendo aqui no Espírito Santo e em São Paulo”, comentou ele. “Estamos também muito interessados em ganhar leilões, vai haver o próximo leilão, estamos a analisar, é a nossa obrigação analisar e vamos analisar com muito cuidado todas as oportunidades desse leilão, porque investir em transmissão é importante”, disse ele que preferiu não apontar os alvos das análises da companhia, apesar de dizer que o edital, que foi colocado em consulta pública, aumentou o ânimo da empresa para a disputa.
Contudo, prega que a companhia mantém o foco em analisar no detalhe esses investimentos uma vez que deve obedecer a capacidade que possui de realizar aportes, ainda mais em um momento de altas taxas de juros com a Selic no seu mais alta patamar nos últimos anos.
“Tudo isso dificulta e faz com que acreditemos que os deságios estejam mais baixos, mas é evidente que é a nossa obrigação analisar as oportunidades”, pontua.
Apesar do cenário desfavorável para a geração ele ressalta que a companhia manterá o o seu interesse em viabilizar investimentos em geração renovável. Contudo, corrobora a sinalização difícil para essa atividade no Brasil pelos níveis elevados de curtailment, especialmente no Nordeste, associado aos preços baixos. Tanto que a companhia também não tem desenvolvido o projeto de hidrogênio verde no Ceará.
Mas outra abertura para novos negócios é vista com a chegada mais intensiva das baterias ao país. Seja essa por meio do leilão, que segundo anunciou o ministro de Minas Energia, Alexandre Silveira, poderá ocorrer ainda este ano.
Entretanto, para João Marques da Cruz, a regulação destinada a organizar esse mercado no Brasil tem que ser definida antes. Entre os pontos está a remuneração para as empresas no que se refere ao mercado fora do leilão, já que este se dará por meio da contratação de capacidade e, por isso, coordenado pelo ONS. Esses dois pontos precisam ser estabelecidos.
Caso haja a definição das regras este ano para o segmento de armazenamento, Cruz acredita que poderemos ver o mercado sair do momento onde há poucas iniciativas para um ambiente em que os negócios vão deslanchar rapidamente em 2025. No máximo no início de 2026. Ele espera uma rápida resposta, inclusive da própria EDP, que tem interesse em disputar esses dois mercados.
Mas essas duas movimentações deverão ser vistas após 31 de maio, data na qual deixa o comando da EDP para João Brito Martins. Cruz diz que voltará a Portugal, terá 3 meses de férias ao deixar o Grupo EDP, mas assim como fez seu antecessor na empresa, está disposto a voltar ao país para assumir outras posições executivas.
*O repórter viajou a convite da EDP Brasil
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