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O setor eólico é o mais afetado pela crise energética atual no Brasil. A sobra de energia, falta de transmissão e os cortes de geração acabam afetando de forma mais expressiva o desenvolvimento da fonte dos ventos. Isso porque a eólica tem o nível de nacionalização de 80%. Segundo avaliação da presidente executiva da ABEEólica, Élbia Gannoum, toda a cadeia tem sofrido com o momento do setor.
A executiva definiu que esses são os piores momentos que viu para a indústria eólica em cerca de 20 anos, desde a criação do Proinfa. Segundo ela, é o pior momento em termos de profundidade e permanência dos problemas. “A indústria eólica sente mais porque é a fonte que recebe mais investimentos e teve mais crescimento nos últimos anos”, afirmou durante a abertura da edição 2025 do Encontro de Negócios, realizado pela entidade nesta terça-feira, 15 de abril, em São Paulo.
Dois pontos foram citados pela executiva como bases para essa avaliação. O primeiro é o nível de cortes de energia renovável que vem sendo feito desde 2023. O segundo é a falta de conexão para novos projetos que conectarão a produção de energia para o H2 Verde e a chegada de Data Centers.
“Precisamos de mais conexão para dois grupos de novos projetos em patamar de GW”, destaca. “O terceiro ponto desse problema é a crise na cadeia da produção de energia eólica causada por ausência de demanda. Não há demanda, não tem PPA e consequentemente não tem encomendas para o chão de fábrica”, relata.
Entretanto, diz Élbia, se houver a solução para os dois primeiros itens apontados, o terceiro é solucionado automaticamente e de forma rápida. E, disse, a solução está sendo encaminhada, afirmou após conversar com o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, que a autorizou a anunciar que a solução do curtailment e sua compensação será aplicada nos próximos dias.
Renato Baumann, economista do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), afirmou que quando se fala em efeitos sobre o Brasil diante do cenário geopolítico há vantagem comparativa para o pais e entre elas está a energia limpa de baixo custo e abundante por aqui com a questão das tarifas recíprocas e comércio internacional. Por isso, diz ele, é importante que o país resolva essas questões de gargalos que existem.
Essa crise apontada pela executiva da ABEEólica ganha números por meio da BloombergNEF. Vinícius Nunes, analista da consultoria, aponta que os investimentos estão em queda por aqui. “Olhando para os valores atuais, estes refletem o futuro próximo”, aponta.
Em 2024, a empresa mapeou que os aportes caíram de R$ 5,6 bilhões para R$ 1,8 bilhão de 2023 para no ano passado. Ou seja, os valores de 2024 representou apenas 30% do que foi investido em energia eólica. Solar centralizada também apresentou queda, menos expressiva. Apenas em GD que os valores investidos mantiveram-se, esta última, na casa de R$ 15 bilhões.
Com isso, a projeção de expansão da fonte eólica no Brasil tende a recuar nos próximos anos de 2,7 GW este ano para 1,7 GW em 2026 e apenas 1,4 GW em 2027. Nunes diz que depois de 2027 a 2028 a visão é positiva e voltará a crescer. A estimativa para 2035 é de um acréscimo de quase 5 GW, tendo um pico de 5,2 GW em 2031.
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