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O volume de cortes de geração de energia é uma realidade que pode levar negócios a fecharem em um período de 3 a 4 anos. Somente em 2025 o volume apurado de cortes somou cerca de 1.345 MW médios, o equivalente a um estado da dimensão do Ceará todo desligado. O impacto financeiro para o setor é de R$ 2 bilhões em receita perdida.

Esse cálculo é do CEO da Volt Robotics, Donato Filho, apresentado durante o 10º Encontro de Negócios da ABEEólica. Ele aponta que na média foi 15% do montante que o país poderia gerar em um período que começa em outubro de 2021 até março de 2025. Desse total, apenas 2% dos cortes foram compensados segundo as classificações de cortes feitos pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico.

“Esse volume pode ser pior, os agentes não veem apenas 1.300 MW médios, mas sim quase 2 mil MW que estão deixando de gerar, ou seja, é o estado do Ceará mais o Rio Grande do Norte juntos”, apontou. “O volume de curtailment não para de crescer exponencialmente”, aponta.

Contudo, ele aponta que as medidas que o CMSE apresentou na Consulta Pública aberta esta semana começam a fazer sentido. Apesar disso, diz que há muito trabalho para ser feito se a meta for deixar essa situação para trás. Uma das questões que precisam ser olhadas são os dados de entrada.

Ele ressaltou em sua apresentação que um fator importante para essa questão é a flexibilidade da rede. Seja do lado da produção quando do consumo. Para o executivo, o segmento de transmissão tem a ganhar com a solução para o problema dos cortes. Um dos caminhos seria adotar eletrônica de potência na rede, que altera a capacidade de transmissão.

Liu Aquino, diretor presidente da Echoenergia, ressaltou que o volume de GD vem impactando o sistema elétrico, principalmente na hora em que há o pico de geração. “Para uma carga de cerca de 80 GW temos 37 GW de geração distribuída, é um volume maior do que se poderia imaginar em termos de incentivos para uma fonte”, comentou ele que defendeu ainda a necessidade de uma regra para regular essa injeção de energia na rede.

Bruno Riga, diretor presidente da Enel Green Power, por sua vez, ressalta que a situação vivenciada decorre da falta de coordenação entre todos voltada para o longo prazo, não apenas para um horizonte de 2 a 3 anos. Afirmou não ser contra a GD, mas afirma que o curtailment não é apenas dos geradores.

Uma das consequências que estão sendo visualizadas atualmente é a queda da confiança dos investidores para realizar investimentos no país. A presidente executiva da ABEEólica, Élbia Gannoum, destacou essa questão em seu discurso de abertura do evento e posteriormente foi corroborada pelo VP Jurídico, Compliance e Regulatório da Elera, Gustavo Andrioli. O executivo reforçou que o segmento é de capital intensivo e, por essa característica que é intrínseca, requer sinais claros de previsibilidade.

Aliás a executiva destacou que a solução a ser costurada com o MME é importante porque vai chegar a hora em que os investidores poderão precificar esse risco. E o custo da energia acabar subindo. Mas a sinalização de que o governo vai chamar os geradores para construir um acordo é positivo para o setor.

Esse problema todo tem uma mesma raiz que impede não apenas a geração, mas a entrada de novos projetos de consumidores de grande porte, mais notadamente os projetos de hidrogênio verde e data centers. Fernando Elias, diretor de Comercialização e Regulação da Casa dos Ventos, cita a falta de conexão e que isso vem atrasando o desenvolvimento do país.

“O fator que gera o corte é o mesmo que impede a chegada de grandes consumidores. Não entra carga. Nesse momento o sistema está paralisado, e justamente quando temos a perspectiva de crescer como país. Se a Vale quiser fazer uma expansão não pode, não tem acesso. A raiz do problema é a mesma”, sinalizou.

Consumo
Há um grande potencial de novas cargas somente com a chegada de Data Centers e principalmente o H2 Verde. Para o primeiro, a Empresa de Pesquisa Energética tem mapeado cerca de 13,7 GW em carga. Já para o segundo, fala-se no mercado em algo como 50 GW de potencial, mas sem um dado específico até porque entra a necessidade dos produtores encontrarem os chamados offtakers, ou consumidores para a molécula a ser produzida.

Thiago Ivanoski, diretor de Estudos Econômico-Energéticos e Ambientais da EPE, lembrou que o potencial indicado em Data Centers ultrapassa o horizonte do PDE, ele é projetado até 2037. “Em H2 o numero é ainda maior e girando como algo em 50 GW e não são todos que se realizarão, o desafio está ainda no offtaker e é algo que está se destravando”, aponta.

Diante na necessidade atual a EPE vem conduzindo um estudo a pedido do MME ara destravar pelo menos parte de transmissão no Nordeste. A estimativa é de que até dezembro o planejador conclua as avaliações para disponibilizar 4 GW de margem.

“É somente um começo para destravar a roda e sair da inércia. Esses são estudos estruturantes para 4 GW. É um desafio de Estado para aumentar a demanda por energia como um todo, em toda a sociedade”, acrescentou ele.

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