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A 2W Ecobank protocolou nesta quarta-feira, 23 de abril, pedido de recuperação judicial perante a 3a Vara de Falências e Recuperações Judiciais do Foro Central da Comarca de São Paulo. De acordo com fato relevante distribuído ao mercado, o objetivo do pedido é otimizar a estrutura de capital, aprimorar a eficiência operacional, e fortalecer a criação de valor da Companhia e suas controladas no longo prazo. as dívidas da 2W estariam em mais de R$ 2 bilhões.

O pedido feito pela 2W e a subsidiária 2W Comercializadora Varejista de Energia deverá ser referendado em Assembleia do Conselho de Administração no próximo dia 15 de maio. De acordo com o fato relevante, a companhia acredita que a RJ é o melhor caminho para sair da crise financeira que enfrenta no menor tempo

“A recuperação judicial é o instrumento adequado para que a transitória crise financeira enfrentada seja superada o mais rápido possível, permitindo ganho de valor para a Companhia e mantendo o alto nível de experiência de seus clientes, colaboradores e acionistas”, diz o comunicado.

A 2W Ecobank começou as operações em novembro de 2013, com a comercializadora Clime Trading, que tinha entre seus clientes empresas dos mais variados setores, como Companhia Siderúrgica Nacional, Votorantim Cimentos e Basf. Em 2019, foi vislumbrada a chance de atender médias e pequenas empresas, o que acabou demandando a decisão de investir em geração própria renovável e a mudança de nome para 2W Energia. Esses investimentos em geração (Eólicas Anemus, de 139 MW, e Kairós, de 261 MW) custaram R$ 2,2 bilhões.

A estrutura atual de endividamento vem de duas emissões feitas em 2021 e 2022, para captar recursos para os projetos: em 2021, a segunda emissão de debêntures, com captação total de R$ 400 milhões, destinados para as eólicas e em 2022, a terceira emissão de debêntures, com captação total do valor de R$ 162 milhões para a implantação do Anemus.

A 2W Ecobank também é garantidora de fianças prestadas no âmbito da primeira emissão da Anemus Holding em julho de 2021, com captação total de R$ 475 milhões, cujos recursos foram integralmente investidos no Projeto, bem como de fianças prestadas no âmbito de contratos de financiamento com o Banco do Nordeste, no valor total de R$ 421,9 milhões, investidos em Projeto Kairós. Em agosto do ano passado, a 2W já havia repassado Kairós para o fundo Darby, em busca de reorganizar o seu passivo.

Segundo a 2W, problemas com a construtora Allonda levaram a aumento nos custos dos projetos e atraso de 12 meses no começo da operação. As Sociedades de Propósito Específico das eólicas foram obrigadas a injetar recursos próprios para pagar os subcontratados da construtora. Além disso, houve gastos com renegociação de contratos junto à fornecedora dos aerogeradores a fim de equalizar novas datas de entrega e montagem. A demora acabou culminando na compra de energia no mercado livre a um preço mais elevado.

Hoje, a capacidade de geração de caixa não é capaz de honrar o custo assumido para o financiamento das eólicas e com as obrigações contraídas perante fornecedores, clientes e contrapartes.

“Esses e outros elementos geraram um desequilíbrio do fluxo de caixa que acabou deteriorando a saúde financeira da 2W Ecobank na condição de holding das SPEs. A combinação desses fatores gerou um duplo efeito deletério nas finanças”, diz o documento que justifica o pedido.

O desequilíbrio de capital levou a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica, a reclassificá-la como tipo 2, que limitou sua capacidade de registro de energia a até 30 MW med mensais, reduzindo sua capacidade de operação e geração de caixa. A CCEE também colocou a 2W em um regime de operação balanceada por dois anos, o que teria piorado ainda mais sua situação, por ter levado a uma crise de credibilidade e motivado a rescisão contratual de contrapartes.

Ainda no âmbito da CCEE, um pedido de tutela antecipada visa o não desligamento da 2W e das suas controladas, assim como o impedimento da aplicação de multas e penalidades por não apresentar certidões negativas, não pagamento de contribuição associativa ou déficit no lastro de energia. A Recuperação Judicial levaria ao desligamento, por conta da impossibilidade da apresentação para a atividade da certidão negativa de falência, recuperação judicial e extrajudicial.  “Com o protocolo da
presente recuperação judicial, é evidente que as Requerentes não poderão mais cumprir com tal requisito, o que poderá dar causa ao desligamento das requerentes da CCEE”, alega o pedido.

Ainda de acordo com a companhia, atualmente a 2W enfrenta um passivo judicial de mais de R$ 150 milhões em execuções já em curso, sendo que a execução mais alta é a ajuizada pela Shell no valor de quase R$ 59,8 milhões.