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O Brasil é o maior mercado potencial para a Atlas Renewable Energy quando o assunto é geração. O país é onde a empresa, com sede em Miami (EUA) tem maior presença, são cerca de 1,2 GW em operação e mais de 1 GW em projetos ante um pipeline total de 8,4 GW. Mas o fato de o Chile ter avançado na regra para as baterias fez com que o país andino recebesse antes os aportes em baterias de grande porte. O CEO da Atlas Renewable Energy, Carlos Barrera, é categórico ao afirmar que o Brasil não recebe os investimentos porque não há marco regulatório, diferentemente do Chile.

“O Brasil é um grande mercado, onde temos nosso maior projeto, mas o Chile tem um marco regulatório, investir no Brasil sem um conjunto de regras será difícil”, aponta. Para ele, o país andino está se beneficiando de um momento de queda dos preços desses dispositivos ao mesmo tempo que moderniza sua legislação que prevê o uso das baterias na rede de forma coerente.

Essa coerência é apontada como o vetor que fez o país antecipar sua meta em armazenamento com cinco anos de antecedência. A projeção é de alcançar 2 GW em armazenamento em baterias até o mês de janeiro de 2026. O governo do país sul americano calcula que o potencial é de 6 GW até 2030 para obter mais estabilidade à rede e aproveitar o potencial renovável que é mais notadamente solar. Essa realidade é bem diferente do Brasil e o motivo apontado é a adoção da regulação que trouxe o sinal econômico.

Na avaliação de Luís Pita, CCO da Atlas Renewable Energy, o Chile tem a legislação mais avançada do continente para a adoção das baterias. E essa experiência que a companhia tem por lá, com o recém-inaugurado projeto no Atacama, além de outros investimentos que estão sendo feitos na mesma região, pode ser usada como exemplo quando o país avançar em sua regulação.

Entre os pontos que ele ressalta estão na possibilidade de equalizar a curva de geração e proporcionar uma resposta mais confiável na operação do sistema. “Uma das preocupações da ONS é a confiabilidade do sistema e a bateria ajuda muito a poder manter essa confiabilidade”, disse ele a jornalistas após evento de inauguração do maior projeto de baterias da Atlas, no Chile.

A empresa sinaliza que a arbitragem de preços é um dos negócios que podem ser viabilizados com a tecnologia aproveitando os cerca de 40 GW renováveis da solar e eólica no Brasil. “É um mercado gigantesco. Aqui no Chile, que é um mercado bem menor, a projeção dos próximos 5 anos é de 5 GW,  então, multiplica por 20, que é o tamanho do Brasil, e assim temos uma ideia do potencial do Brasil, é uma indústria nova”, aponta o executivo.

“O Brasil é um grande mercado, onde temos nosso maior projeto, mas o Chile tem um marco regulatório, investir no Brasil sem um conjunto de regras será difícil”, Carlos Barrera, da Atlas Renewable Energy

Considerando um padrão de 4 horas de descarregamento desses dispositivos para um fator de capacidade de 27% a 28% da solar, o país poderia abrir mão de térmicas mais caras que geram energia no horário de ponta.

Pita ressalta que um leilão para a fonte seria uma forma de iniciar o mercado, mas ele não é necessário. “Com uma regulamentação robusta, a gente não precisa de leilões”, pontua. Ele justifica esse posicionamento comparando o momento da eólica e da solar no país, que são mais competitivas e estão liderando a expansão da matriz elétrica por meio de contratos bilaterais.

Para o Brasil, a Atlas está na expectativa de como será a regulação que está sendo trabalhada na Aneel. A empresa entende que foi um processo robusto de discussão e que isso vai dar os subsídios para o arcabouço para a tecnologia. A expectativa é de que até o final de maio o tema seja deliberado até porque essa é uma sinalização que o diretor relator do processo, Ricardo Tili, deu, pois coincide com o final de seu mandato na agência reguladora.

“Ainda não sabemos como será. Se ela [a regulação] vier, vamos dizer assim, configurada para esse potencial leilão, a gente entende que não vem tão abrangente quanto ela poderia ser para destravar todo o potencial que essa tecnologia tem. Sse for assim, entendemos que o Brasil está deixando, ou atrasando esse processo de chegar a um estágio mais maduro, como no Chile”, comenta o country manager da Atlas no Brasil, Fábio Bortoluzo.

Por outro lado, se a regulação for mais abrangente, pode viabilizar a combinação da tecnologia de bateria, como um sistema de armazenamento e de otimização de despacho com a fonte geradora. Com essa perspectiva, o potencial é de viabilizar novos contratos de energia, crescimento de demanda, combinando a instalação da geração da fonte renovável com o sistema de armazenamento. “Então não necessariamente depende de leilão público. A regulação é o mais importante, eu acho, do que o próprio leilão público”, disse ele.

Nesse sentido, ele diz que além da possibilidade de empilhamento de receita, o principal ponto são as especificações de como seria o regramento das ordens de despacho. E ainda, a permissão do uso dos dispositivos em ativos novos e naqueles que já operam no país.

Chile tem recebido os investimentos em grandes baterias stand alone por estar muito à frente em termos de regulação do que o Brasil. (Foto: Maurício Godoi/CanalEnergia)

No Chile já há na regulação a perspectiva de empilhamento de receita e sinais de preços para um mercado livre de grandes consumidores em desenvolvimento. Tudo isso junto ajudou no estabelecimento do mercado para essa tecnologia ao passo que os preços das baterias recuam. “O Chile não precisou fazer um leilão para criar essa ignição dos leilões”, completou o executivo.

O ministro de Energia do Chile, Diego Pardow Lorenzo, lembra que a regulamentação, tão citada pela Atlas vem do fato que o país apresentava uma matriz muito dependente de fontes fósseis, com alta flexibilidade de operação. Com o avanço da solar no norte do país veio a necessidade de avançar em modelos para aplicar o uso da solar por mais tempo do que a fonte gera. “O que conseguimos foi simplificar os procedimentos de licenciamento e acelerar a regulamentação de habilitação. Um reconhecimento legal dos sistemas de armazenamento e então veio, de certa forma, com o desenvolvimento das formas de remuneração dessa energia”, comentou o executivo.

Mas ainda há o que ser feito, relata ele, a questão da forma de operar a bateria e o momento de quando são despachadas, as condições, todas aquelas condições técnicas que são muito detalhadas e que têm que ser atualizadas, porque essa é uma tecnologia que cresceu muito nos últimos 10 anos. “Nossos regulamentos não consideram isso. É importante acelerar esse passo para que os investimentos também possam ser acelerados ao longo do tempo, que é o que estamos observando aqui no Chile”, pontuou ele sinalizando que a regulamentação ainda será desenvolvida ainda mais, mesmo sendo considerada a mais avançada da América Latina.

*O repórter viajou a convite da Atlas Renewable Energy