Sem revelar se mudou de posição em relação ao impeachment da presidente Dilma Rousseff, o ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga,  disse nesta quarta-feira, 20 de abril, que é preciso ter muita cautela e responsabilidade no condução do processo no Senado. Ao anunciar oficialmente sua decisão de sair do ministério, Braga relatou a jornalistas ter conversado com o presidente em exercídio do PMDB, senador Romero Jucá, na última terça-feira, 19,  quando comunicou que estaria entregando o cargo porque achava que nesse momento é importante para o país que o Senado tenha uma postura diferenciada.

“Não vou fazer nenhum comentário sobre o que aconteceu na Câmara dos Deputados, mas o Senado, por ser uma casa mais experiente, mais madura, que representa a federação brasileira, acho que é preciso que nós tenhamos muita responsabilidade, mas muita, muita maturidade, diante do que estamos fazendo”, afirmou o ministro. Braga destacou que “não há como comparar este procedimento de 2016 com o que aconteceu em 1992”, em referência ao processo de impeachment de Fernando Collor.
 
O ministro de Minas e Energia disse que vai se ausentar por um tempo para resolver problemas de saúde e, assim que estiver restabelecido, estará de volta a Brasília e ao Senado, “defendendo com coerência” o que sempre defendeu. Ele será representado na comissão de impeachment pela mulher,  Sandra Braga (PMDB-AM), que é sua suplente e ocupa a vaga desde janeiro do ano passado. “Ela vai representar com coerência minha posição”, afirmou Braga, sem esclarecer se isso significa manter ou não a posição contrária a cassação do mandato da presidente. Até a votação da admissibilidade do processo na Câmara, o casal se manteve contrário ao impedimento.

No encontro que manteve com a presidente Dilma nesta quarta-feira, Braga disse que fez um balanço de todos os desafios que venceu no ministério, mas destacou que há outros a serem enfrentados ainda, como a sobrecontratação de energia das distribuidoras, a indenizaçãos das instalações de transmissão da Rede Basica existentes em maio de 2000 e a venda da energia livre da usina de Belo Monte. Braga citou também como pendência a situação das distribuidoras Eletrobras, que dependem da tramitação da Medida Provisória 706.

“Existem muitas coisas ainda em curso, mas acho que agora eu ajudaria mais o Brasil dando espaço para que um técnico assuma o ministério”, disse. Ele defendeu a continuidade dos programas do setor elétrico que estão em andamento e a manutenção do diálogo com os agentes, na construção de soluções. E acrescentou que "no senado, ou em qualquer outro lugar", pretende trabalhar para que o setor seja cada vez mais uma alavanca para o desenvolvimento, e não um problema para o crescimento econômico do país.