O Ministério de Minas e Energia divulgou a carta enviada à presidente Dilma Rousseff pelo ministro Eduardo Braga. No documento, ele faz uma análise do período em que esteve à frente do ministério e pede exoneração do cargo. Braga afirma que entre janeiro de 2015 e abril de 2016 o ministério conseguiu promover diversos ajustes estruturais fundamentais e desenvolver programas de grande importância para o cumprimento das finalidades dos setores de energia elétrica, petróleo, gás e combustíveis renováveis e da área de geologia e mineração.
Braga ressalta que o trabalho desenvolvido foi marcado pelo diálogo permanente com o público externo e atores setoriais, como as associações de classe empresariais, as diversas representações sindicais e toda a classe política. "Em linhas gerais destacamos o desafio de assegurar o abastecimento de energia elétrica, em meio a uma das crises hídricas mais graves da história brasileira; ajudar a sanear financeiramente o setor, desequilibrado com custos crescentes não cobertos pelas tarifas e pelos subsídios em retração; sustentar a atratividade dos negócios em energia a fim de assegurar a continuidade dos investimentos e o êxito do planejamento de longo prazo que caracteriza o setor", diz trecho da carta.
O documento diz ainda que mesmo em meio ao agravamento da crise econômica, o setor elétrico continua sendo atrativo ao investidor, o abastecimento de energia está cada vez mais consolidado, a inovação no setor em franco desenvolvimento, as tarifas em viés de queda e sem pressionar o Tesouro Nacional, seja para investimentos novos, seja para custear o sistema. "Se a pergunta recorrente no início de 2015 era quando vai ser decretado o racionamento, a dúvida hoje é quantas usinas termelétricas serão desligadas no próximo mês", diz outro trecho da carta.
O ministro ainda elenca algumas realizações como o acréscimo de 8.500 MW de energia nova de janeiro de 2015 a março de 2016, sendo a maior parte de energias renováveis, como a eólica, que cresceu 50% no período. Na geração solar, Braga destaca o êxito dos leilões promovidos pelo governo e os primeiros projetos de energia solar em lagos de hidrelétricas com flutuadores, instalados em Balbina e em Sobradinho.
"Uma das realizações que consideramos da mais alta relevância foi o equacionamento dos desequilíbrios do mecanismo de realocação de energia com o déficit bilionário das geradoras nesse mercado. […] Com a adesão da maior parte dos geradores, que representa cerca de 80% da garantia física total do MRE, o problema está equacionado e o Mercado de Curto Prazo vem normalizando seu funcionamento", lembrou.