A redução de carga que o país verificou este ano por conta da pandemia de covid-19 abre uma oportunidade para o país discutir a modernização do setor elétrico. E as térmicas mais caras, cujos contratos estão vencendo podem ser utilizadas como reserva de potência que o país precisa, uma vez que a perspectiva é de que o consumo de energia ficou em um patamar 5 mil MW médios mais baixo.
Essa é a avaliação do diretor geral do Operador Nacional do Sistema Elétrico, Luiz Carlos Ciocchi, que participou do primeiro painel do segundo dia do Enase 2020. Falando sobre governança setorial e agenda 2020/2021, o executivo destacou que o tema flexibilidade para a operação é um item importante para a operação.
Em sua análise, a redução da carga mostrou que temos a necessidade de ter flexibilidade para atender a demanda. Em função disso, disse que o ONS tem mantido conversas com a EPE e com a CCEE para que possamos ver essa característica de geração integrada à matriz. Destacou que diversas fontes podem assumir esse papel, citando não somente o gás natural, mas o biogás e as PCHs também.
Na questão de governança ele citou o desafio de operar o SIN com o crescente aumento da participação das fontes renováveis mais intermitentes, que levam a um custo mais baixo, mas que por outro lado aumentam a parcela não controlável de despacho. Lembrou do avanço da geração distribuída e a inserção do prosumidor que aumenta o volume de incerteza na demanda.
Ponto de destaque foi dado à perspectiva de entrada do preço horário desde janeiro na operação do sistema. Segundo o ONS, entre os ganhos obtidos figuram o aumento da transparência na operação, a granularidade do CMO, que facilitou a identificação de restrições operativas e permite a adoção de ações mitigatórias, e ainda, há a redução de encargos.
Para a agenda de futuro, Ciocchi destacou que o ONS está revisando seu planejamento estratégico com foco no uso da tecnologia e com a meta de ser uma instituição mais atuante em sua relação com a sociedade. Conforme
citou em entrevista à
Agência CanalEnergia, está conduzindo um projeto dedicado a quantificar o valor agregado da instituição ao país. A perspectiva é de que em 2021 o piloto seja implantado e em 2022 passe a fazer parte do sistema de metas estabelecidas pela administração do órgão.