A Isa Cteep fechou o segundo trimestre com lucro líquido de R$ 74,1 milhões, caindo 70% frente aos R$ 248,1 milhões registrados no mesmo período do ano passado. No semestre o resultado é de R$ 186,6 milhões, recuo de 66%. A companhia divulgou suas demonstrações financeiras na noite da última quinta-feira, 28 de julho, reportando EBITDA de R$ 555 milhões, queda de 12% na comparação trimestral e de 18,2% na semestral.
A receita líquida ficou em R$ 732,9 milhões, reduzindo 7,5% no trimestre e 12% no acumulado de seis meses. Os custos e despesas com O&M totalizaram R$ 309,2 milhões, 3,5% acima, enquanto o resultado financeiro líquido foi negativo em R$ 301 milhões, numa elevação de 117,5% sobre as perdas financeiras no mesmo período de 2021. Por sua vez a dívida líquida atingiu R$ 7,343 bilhões em junho, volume 10,3% superior.
RBSE e despesas financeiras
As variações, sobretudo do lucro e EBITDA, são explicadas principalmente pelo reperfilamento do componente financeiro da RBSE a partir do terceiro trimestre de 2021, que reconhece um direito da companhia em receber os valores atualizados. Serão agregados R$ 1,8 bilhão ao fluxo de caixa, mas respeitando a janela de pagamentos de 24 meses da Aneel.
“O que o regulador faz é postergar esses pagamentos, mas observamos um impacto positivo no resultado da companhia que terá reflexos positivos também no pagamento de dividendos”, destacou a CFO da companhia, Carisa Portela Cristal, durante a teleconferência ao mercado nessa sexta-feira, 29 de julho. Os impactos começaram a ser sentidos em julho de 2021 e nesse ano R$ 209 milhões preveem a recomposição de parte do RBSE, a partir de julho de 2023.
“Nos últimos 12 meses tivemos uma redução no valor a receber e no ano passado ainda tínhamos o recebimento do RBSE. Esse é o principal motivo, além do forte impacto nas despesas financeiras a partir dos índices macroeconômicos aos quais a dívida está atrelada, especialmente IPCA e CDI, que tiveram crescimento no período e reduziram os resultados”, resume a executiva.
Investimentos recorde
Imbuída de seguir seu plano de crescimento, a transmissora bateu seu segundo recorde consecutivo de investimentos trimestrais, com R$ 558,3 milhões aplicados no último período, incremento de R$ 215 milhões ou 62,6% na comparação anual. Entre os motivos, maior volume de autorizações de reforços para modernização e ampliação da capacidade de ativos e aumento de R$ 124 milhões em projetos greenfield, especialmente pelo início da fase mais intensiva das construções no Triângulo Mineiro e Minuano. A empresa possui R$ 3,9 bilhões em reforço e melhorias autorizados junto a Aneel, devendo executar R$ 3,6 bilhões no ciclo 2022-2023.
Carisa também comentou sobre a recente renegociação dos covenants das debentures efetivadas, afirmando que o foco principal foi justamente o alinhamento à estratégia de crescimento. “O que solicitamos é que, quando tivermos um investimento relevante, acima do equity value pré-estabelecido, tenha uma flexibilização em nossas obrigações financeiras”, indica. Ela revela ainda que a operação está em conformidade com a aquisição de um novo negócio, o qual já vai chegar gerando receita para a companhia.
“Não estamos em momento de dificuldade ou prevendo sobrealavancagem, o que queremos é ter possibilidade e estar aptos a participar de qualquer negócio e M&A que tivermos em vista”, conclui Carisa Portela Cristal.
Por sua vez, o presidente da Isa Cteep, Rui Chammas, comentou sobre o movimento recente do diretor da Aneel, Efrain Cruz, ressaltando que decisões monocráticas não são previstas no regulamento da Agência e que a suspensão da Resolução Homologatória nº 2.258, que estabelecia a RAP das transmissoras de energia para o ciclo 2017-2018, não deve prosperar.
Questionado sobre o tratamento do regulador para excludentes de responsabilidade a projetos atrasados ou que eventualmente possam atrasar, o executivo afirmou que a interação tem sido no sentido de apresentar os elementos, caso existam, citando especialmente questões ligadas a situação de força maior e a própria pandemia, para que sejam definidas dosimetrias adequadas. “Não acreditamos em penalidades relevantes para obras atrasadas e de qualquer maneira nossa rentabilidade dos projetos segue alinhada com nossas expectativas”, finaliza.