A flexibilização de restrições hidráulicas implantadas no ano passado para o combate à crise hídrica de 2021 gerou economia na ordem de R$ 15,8 bilhões no custo da operação. Esse dado faz parte de um estudo que o Operador Nacional do Sistema Elétrico apresentou com base na metodologia Valor Agregado e que em julho apontou uma economia de outros R$ 11,1 bilhões decorrentes da flexibilização do intercâmbio da transmissão. Assim, a economia totalizou R$ 26,9 bilhões.

Segundo o órgão, a proposta de flexibilização excepcional das restrições hidráulicas foi necessária devido às afluências dos reservatórios estarem entre as piores do histórico. “Estudos prospectivos realizados pelo ONS indicavam que, mesmo com a geração minimizada nas principais usinas do Sistema Interligado Nacional seus níveis de armazenamento apresentariam redução acentuada o que fez com que o operador propusesse a flexibilização das vazões mínimas de algumas destas hidrelétricas, de forma a estocar uma maior quantidade de água em toda a cascata à montante”, lembrou.

Parte desses requisitos, continuou o ONS, estavam atrelados a questões ambientais ou do uso múltiplo das águas, exigindo avaliações aprofundadas, visando reduzir os impactos na implementação destas iniciativas e ampliar a sinergia entre as entidades diretamente envolvidas na gestão do setor elétrico.

Assim foram implantadas flexibilizações das vazões mínimas das UHEs Jupiá, Porto Primavera, Ilha Solteira, no rio Paraná, e na UHE Três Irmãos, no rio Tietê. Além disso, houve redução das vazões nas usinas da cascata do rio São Francisco, no Nordeste.

“Com essas medidas, foi possível preservar em torno de 4,1% da energia armazenada do subsistema Sudeste/Centro-Oeste, que concentra cerca de 70% da água usada pelos reservatórios. Cabe ainda ressaltar que a redução da vazão em determinada usina é apenas o ponto da partida da estratégia, uma vez que, ao reduzir a defluência nos empreendimentos do final da cascata, todas as usinas atrás também podem reduzir a sua defluência e consequentemente levar a ganhos ainda maiores”, ressaltou.

Os ganhos do conjunto de ações excepcionais implementadas foram obtidos ainda ao elevar a geração térmica e a importação de energia, que não teria como ser utilizada sem essas medidas, mantendo o equilíbrio carga-geração e a maior preservação dos reservatórios. O ONS lembrou ainda que as instituições do setor e agentes mobilizaram 35 linhas de ação de enfrentamento à crise que garantiram o abastecimento energético do País.