A ideia da transferência da UHE Jirau (RO, 3.750 MW) para a Engie Brasil Energia deverá ser retomada. Agora que a usina é um gerador de caixa e não demanda mais recursos dos sócios já está configurado o cenário que foi idealizado na época da licitação da usina no rio Madeira, mas que não foi realizada por conta das condições precedentes para que a companhia, que detém 40% do capital social da geradora iniciasse o processo.
Segundo o CEO da EBE, Eduardo Satamini, contribuíram para a reversão do quadro a revisão da TUST da usina em decorrência do processo ordinário, e mais a aplicação de melhorias operacionais. “O projeto agora é gerador de caixa e não precisa mais de recursos dos investidores, e isso traz à tona a eventual transferência do ativo para a EBE como era previsto no início”, disse o executivo em teleconferência de resultados do terceiro trimestre.
Contudo, Satamini informou que ainda esse processo não foi iniciado pela empresa. Mas ele reforçou que as condições foram alcançadas e o caminho até a incorporação deverá ser semelhante ao realizado para a internalização de dois projetos solares “que trouxeram retornos interessantes”, acrescentou. Na análise dele, a UHE é um ativo saudável para fazer parte do balanço da empresa.
Investimentos
A perspectiva de investimentos da empresa em 2022 é de R$ 3,9 bilhões um patamar semelhante que está projetado para 2023. Em 2024, até o momento, a companhia estima aportes de R$ 3,7 bilhões em expansão e manutenção. No ano passado os valores ficaram em R$ 3,4 bilhões.
Em geração, a empresa possui atualmente 2,6 GW de projetos em desenvolvimento espalhados em sete empreendimentos. São 779 MW na fonte eólica e o restante em solar fotovoltaica. Esse é o foco dos investimentos da companhia que, segundo Satamini, busca mais equilíbrio entre as fontes chamadas de novas renováveis e a hídrica.
Hoje em dia a EBE possui 6,4 GW em capacidade de geração em UHEs ante 1,7 GW divididos entre as fontes solar, eólica, biomassa e PCH.
Outro segmento de destaque em energia é o de transmissão. A companhia não descarta participar do leilão de dezembro, mas ressalta que os lances que serão feitos obedecem a disciplina financeira estabelecida pela empresa. A previsão é de que em janeiro de 2023 coloque em operação o projeto Novo Estado, adquirido da Sterlite, e que se soma a Gralha Azul, em operação, mais Gavião Real, que é de menor porte e que tem sinergias com o primeiro ativo.
Desses projetos em desenvolvimento, a EBE vem implantando Assuruá, na fonte eólica com um contrato junto à Vestas. Esse, disse Satamini, é o maior parque da Engie em todo o mundo. Dos parques que ainda não começaram a ser implantados a questão do preço é crucial porque há uma pressão de custos de capex que vem aumentando.
Inclusive, a Agência CanalEnergia apontou isso em reportagem com grandes produtores de aerogeradores. E o CEO da EBE lembrou que as empresas vêm reportando perdas que não são sustentáveis no longo prazo.
“Entendemos que as empresas fabricantes de aerogeradores sofreram e parte delas com prejuízo por muito tempo, isso é insustentável terá que ter novo patamar de preços. Um outro ponto com a crise da energia na Europa há maior demanda por renováveis em substituição ao fóssil. Então, vemos uma pressão da oferta global de geração eólica e solar. É um novo patamar e representará níveis de preços mais altos há ainda alta das demanda de ESG cada vez mais intensas com as discussões climáticas”, apontou.