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A Delta vê o ano de 2023 como fundamental para as empresas no setor elétrico que estão se preparando para a abertura do mercado livre. Um primeiro passo é o de janeiro de 2024 com a chegada de toda a alta tensão e a elegibilidade de seus 106 mil novos consumidores ao ACL. E posteriormente, com a ampliação dessa abertura para a baixa tensão por meio do PL 414, que está na Câmara dos Deputados desde o início do ano passado.

De acordo com o vice-presidente Institucional e Regulatório do Grupo Delta Energia, Luiz Fernando Vianna, a companhia vem se preparando e está pronta para quando esses consumidores chegarem. Inclusive, lembra que investimentos recentes foram feitos tendo como objetivo chegar a esse momento. Entre eles, estão a aquisição da empresa de tecnologia BestDeal Technologies e o avanço rumo à baixa tensão com o lançamento da Luz, realizado no início de outubro do ano passado.

“O setor está dando um salto e indo de um número de 30 mil consumidores para mais de 130 mil, então isso requer que as empresas adotem estratégias diferentes das aplicadas até hoje em áreas como marketing. Uma coisa é alcançar um número limitado de consumidores, com a abertura a estratégia deve ser diferenciada e isso não ocorre da noite para o dia. Nós aqui na Delta já começamos. Esse ano estamos intensificando a estratégia de comunicação, com uma área de marketing reformulada. Esse é um treinamento para grande abertura que poderemos ter com o PL 414 para a baixa tensão, onde são mais 85 milhões de consumidores”, disse o executivo em entrevista à Agência CanalEnergia.

Apesar desse volume, Vianna comentou que acredita em uma migração correspondente a algo como 40% a até 50% desses consumidores que estão no mercado regulado. Isso porque há a baixa renda e aqueles que devem optar por permanecer no ACR, como já acontece com os elegíveis nas regras atuais. Ele lembra que no Brasil, diferente de outros mercados, essa troca de ambiente é opcional e não compulsória. Ou seja, uma parte que hoje já poderia trocar de ambiente não o faz.

“Com a chegada da alta tensão ao ACL teremos um bom teste para a grande escala que a baixa tensão trará apesar de o perfil ser diferente. Essa característica exigirá novas estratégias e, claro, uma grande necessidade de digitalização”, avalia Vianna.

Parte dessa digitalização, conta ele, já faz parte do setor, mas outra ainda não chegou ao mercado por não fazer sentido. Envolverá a aplicação da inteligência artificial e trará oportunidades para as comercializadoras mais estruturadas e de maior porte no setor. Pois, segundo ele, muitas não poderão atender a esse grande volume, mesmo tendo o Brasil 300 empresas nesse segmento. Isso porque é necessário investimentos elevados, um paradoxo diante da necessidade de trabalhar com margens baixas.

Nesse sentido, diz Vianna, a aquisição da BestDeal, anunciada em março de 2022, é o fundamento dessa preparação da Delta rumo à necessidade cada vez maior de aplicação de tecnologia. A empresa adquirida é dedicada ao desenvolvimento de produtos para o mercado de telecomunicações, energia e indústria. Com sede em Uberlândia (MG) e pouco mais de 13 anos, projeta soluções específicas para as necessidades dos seus clientes, oferecendo produtos B2B.

E o porquê desse rumo à digitalização é o campo de oportunidades que se mostram para o setor. Na avaliação de Vianna, as empresas deverão caminhar para um ambiente de serviços em conjunto com outros players como na telefonia, cartão de crédito, entre outros. A pulverização do alcance das comercializadoras deve ser um ponto chave quando chegar à baixa tensão.

E, dependendo do número de clientes, esse desafio é visto já quando se chegar à alta tensão. O executivo lembra que hoje consumidores com contas de energia na faixa de R$ 200 mil são poucos e as empresas têm pessoal específico para atendimento com uma abordagem mais direcionada, falam com esse consumidor. Mas quando alcançar volumes de 10 mil clientes, por exemplo, é impraticável. Por isso ferramentas de automatização de atendimento serão necessárias. Na casa do milhão então, será vital.

Luiz Fernando Vianna, da Delta Energia (Divulgação)

Geração

A Delta ainda tem presença em geração de energia. Atualmente com os projetos de geração distribuída da Luz que procura atender o consumidor de baixa tensão na fonte solar fotovoltaica. E também em geração térmica a gás natural.

Nesse segundo campo de atuação a empresa está com foco em ampliar sua participação em leilões de capacidade, conforme ocorreu no ano passado com a contratação da UTE William Arjona (MS, 190 MW) a partir de julho de 2026 por um período de 15 anos.

“Já estamos trabalhando nesse sentido, avançando com terrenos da empresa já adquiridos para novos empreendimentos a gás natural no país de olho nos leilões de confiabilidade, participarmos desses certames ainda depende de vários fatores como os custos do gás e o preço mínimo dos leilões”, afirmou Vianna.

Ele comentou ainda que a Delta inclusive possui uma equipe interna avaliando as possibilidades, não apenas por meio de novas UTEs, mas aquelas que eventualmente sejam colocadas no mercado secundário. Um caminho pode ser a desmobilização de usinas existentes que estão em fase final de contrato.

UTE William Arjona fez parte do PPT e está contratada a partir de 2026

Por falar em fase final, Vianna está otimista com a proximidade da retomada da atividade legislativa e a perspectiva de que o PL 414 volte a ser debatido. Para ele, a abertura do mercado deve ser direcionada por meio desse instrumento legal. Citou a manutenção do deputado federal Fernando Coelho Filho (União Brasil-PE) como relator do tema e a previsão dada pelo presidente da casa, Arthur Lira (PP-AL) de votação da matéria em Plenário.

Além disso, destacou ele, há a sinalização dada pelo coordenador do grupo de transição do atual governo, Maurício Tolmasquim, de que é favorável à abertura. “Tivemos acesso ao relatório e entre outros itens que são interessantes para o Grupo Delta, como biocombustíveis, há um ponto em que cita o PL sem restrições quando da realização do diagnóstico do setor”, finalizou o executivo concordando de que a lei é o caminho mais sólido para que o mercado livre chegue à baixa tensão.