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O mercado livre deverá apresentar mais um ano positivo para os agentes em termos de migração. O cenário atual tem deixado agentes otimistas com o volume que deverá confirmar a troca do ACR para o ACL ao longo de 2022 mesmo com o pagamento da parcela da conta escassez hídrica conforme regra estabelecida pelo governo federal com o Decreto 10.939 de 14 de janeiro.

Entre os motivos estão o crescente aumento da tarifa no mercado regulado e sua tendência de alta no médio prazo com os pagamentos que o segmento terá que arcar, principalmente das operações financeiras mais recentes. Além disso em 2022 há o impacto do IPCA de mais de 10%.

Vale lembrar que na avaliação de especialistas do setor, sem a operação financeira que foi recentemente autorizada os aumentos médios seriam da ordem de 20% em todo o país. Esses cálculos corroboram a avaliação da área técnica da Aneel que já no ano passado indicava essa tendência.

Na contramão desse caminho o mercado livre vem apresentando um “derretimento nos preços desde setembro”, conforme classificou o presidente da BBCE, Carlos Ratto. Esse comportamento é visto nos valores da energia de fonte convencional no Sudeste. Com base nos números do último dia útil de 2021, os preços estão no menor patamar ao longo deste ano quando comparado ao que se projetava no final de novembro de 2021 e em 23 de dezembro de 2021, conforme mostra o gráfico a seguir.

Fonte: Balcão Brasileiro de Comercialização de Energia (BBCE)

Hoje em dia os valores mais elevados são verificados no segundo semestre de 2022, mas em um patamar na casa de R$ 240/MWh. Esse valor no início de janeiro era de R$ 75/MWh.

“Em 2022, tomando como base dados da EPE e CCEE, nós vemos um crescimento de carga acima do PIB. Usamos nas nossas projeções índice de 2,4%, a demanda continuará aumentando em 2022 acima do PIB”, comentou o Ratto.

Segundo sua análise, não é apenas um fator que leva a essa performance esperada. Ele cita o crescimento do consumo e as migrações. Esse movimento já vem sendo visto desde o ano passado com o novo recorde histórico da BBCE, que a Agência CanalEnergia revelou em primeira mão.

Os agentes corroboram essa análise. Segundo Raphael Vasques, coordenador de Inteligência de Mercado do Grupo Safira, a perspectiva que ele tem é de uma expansão entre 10% e 20%, um volume que representa uma continuidade do que foi visto no ano passado, mas com a expectativa de que seja mais elevado porque é esperado que os preços fiquem nesse patamar mais baixo quando comparado a 2021.

Crescimento do número de agentes deverá ficar entre 10% e 20% ante o fechamento de 2021, esse número é factível diante do potencial de mercado atual. Raphael Vasques, do Grupo Safira

“No segundo semestre tivemos o volume de migrações impactado por termos preço no segundo semestre no teto regulatório. Essa situação, não é vislumbrada agora, estamos em um patamar mais baixo o que abre a janela para um número maior de clientes optarem pela mudança”, analisou ele.

Ele toma como base o PLD médio de 2021 que ficou na casa de R$ 277/MWh e neste ano a previsão mais recente é de algo próximo a R$ 100/MWh podendo chegar a até R$ 200/MWh. Além disso, um fator destacado pelo executivo é o aumento no número de comercializadoras e gestoras, que trazem, naturalmente um maior número de produtos ao mercado e mais soluções para o cliente.

Para o ano de 2023, apontou ele, os preços estão na ordem de R$ 200/MWh e em 2024 um valor mais próximo do custo marginal de expansão, na faixa de R$ 180 a R$ 190/MWh.

De acordo com os dados mais recentes da CCEE, no acumulado de janeiro a novembro, apontam que o crescimento no volume de migrações de consumidores na comparação com o total do ano de 2020 foi de 14,7%. Até o final de novembro o volume ficou 10,26% maior em relação a consumidores livres e 15,33% quando a base de comparação é para a classe de consumidores especiais. Ainda não estão considerados os números do fechamento de dezembro, informação que está sendo processada pela entidade, segundo informou a assessoria de imprensa da câmara.

Um outro reflexo dessa expansão estão no número de comercializadores autorizados na CCEE, enquanto no final de 2020 eram 397 empresas, ao fechamento de novembro já somavam 451, ou um crescimento de 13,6%.

Rodrigo Mello, CEO da Kroma Comercializadora, também se mostra otimista com 2022. Ele afirma que o crescimento deverá ser sim mais elevado do que em 2021. Um dos motivos que deve elevar o interesse é essa perspectiva de aumento das tarifas de energia no mercado regulado que gira na casa dos dois dígitos ante um PLD mais baixo. Até porque o preço no mercado spot acaba sendo o principal balizador para os contratos no ACL.

Mas, lembra que essa não é apenas uma tendência curto prazo. O movimento rumo ao ACL é uma realidade que veio para ficar. Cita que as renováveis que são mais baratas estão alocando sua garantia física no mercado livre e espera que até 2026 tenhamos por aqui a abertura do setor a todos os consumidores.

Evolução vai depender muito do comportamento da economia. Cenário pode oscilar muito por este ser um ano eleitoral.
Leonardo Salvi, da Electra Energy

Leonardo Salvi, Diretor de Operações da Electra Energy, também está otimista. Para ele, 2022 tem tudo para ser um ano de grande consolidação do mercado livre de energia, abrindo espaço para a portabilidade que deve vir nos próximos anos.

Por trás dessa previsão estão os seguintes aspectos: redução do patamar de carga dos consumidores que podem acessar o mercado livre convencional (em janeiro, para 1000 kW), previsão de reajustes tarifários na faixa de 20%, redução do PLD graças às chuvas deste verão e volume ainda elevado de empresas potencialmente livres

“Em termos de consumo, a evolução vai depender muito do comportamento da economia. Por um lado, a manutenção do atual patamar de câmbio e a recuperação de mercados internacionais podem continuar estimulando a indústria exportadora”, destacou. “Além disso, vale observar que todo o cenário pode oscilar muito por este ser um ano eleitoral e pelas incertezas relacionadas à pandemia”, pontuou.

Pelo lado de comercializadoras de grandes grupos a sensação de otimismo é a mesma. Gabriel Mann, diretor de Comercialização da Engie Brasil Energia, conta que embora a maior fatia da carteira se mantenha com grandes clientes industriais e comerciais, o posicionamento da empresa está cada vez mais voltado para atender, de forma gradual, segmentos empresariais de menor porte.

“Este movimento está diretamente conectado à digitalização, que amplia nosso alcance e alimenta a estratégia de novos negócios, pois o desenvolvimento de projetos destinados ao mercado livre hoje é um dos principais impulsionadores da expansão em geração de energia elétrica a partir de fontes renováveis no Brasil”, lembra.

Por isso, afirmou que em 2022, espera que o movimento de migração de consumidores empresariais de menor porte continue forte dado a perspectiva de continuidade de tarifas no ACR nos próximos anos, assim como o interesse em produtos verdes e compensação de emissões.

(Nota da Redação: reportagem atualizada em 20 de janeiro de 2022 às 18h17 para a inclusão do texto referente à Engie Brasil Energia)